Deputado diz que relatório de CPI é omisso quanto à participação de membros do governo

23/04/2009 - 17h05

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relatório final da ComissãoParlamentar de Inquérito das Escutas TelefônicasClandestinas (CPI dos grampos), apresentado hoje (23) pelo deputadoNelson Pellegrino (PT-BA), foi omisso quanto à participaçãode integrantes do primeiro escalão do governo eminterceptações ilegais. A afirmação é do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que apresentará votoem separado pedindo a inclusão dos nomes do chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidênciada República, general Jorge Félix, e doex-diretor-geral da Agência Inteligência (Abin) PauloLacerda.Como houve muitos pedidos de vista, a votaçãodo relatório ficou para a próxima terça-feira(28). Para Fruet, o relatório precisa seaprofundar no grau de envolvimento dessas autoridades (Félixe Lacerda) no episódio da participação deservidores da Abin na Operação Satiagraha, da PolíciaFederal, que investiga crimes financeiros. “Há uma omissão quanto aos depoimentosmarcados e não cumpridos, como os dos ministros MangabeiraUnger [Secretaria Especial de Assuntos Estratégico], edo general Félix. A CPI avançou em algumas questõesestruturais, mas, quando mexeu com o governo, não”,disse Fruet.Segundo o deputado, é preciso saber quemautorizou a participação de agentes da Abin naSatiagraha, se foi Paulo Lacerda ou o general Félix. “Issonão consta no relatório. Houve, no mínimo,omissão." Fruet disse que o general Jorge Félixdeveria estar citado no relatório por ser o responsávelpela Abin. “Se ele sabia [da participação da Abinna Satiagraha], era o responsável, se não sabia, era incompetência”, argumentou. “Em relaçãoa Lacerda, o relator disse que houve retratação. Se foiretratação, é porque ele mentiu anteriormente."No relatório final, Pellegrino não pede oindiciamento de alguns dos principais envolvidos na OperaçãoSatiagraha, como o delegado da Polícia Federal ProtógenesQueiroz, que coordenava a operação, do banqueiroDaniel Dantas, acusado de patrocinar escutas ilegais, nem de Lacerda,que teria faltando com a verdade na CPI.O presidenteda comissão, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), adiantou que também apresentará em separado o pedido de indiciamento de todos os queapresentem indícios de irregularidade. Para Itagiba, asatividades da CPI ficam como "uma marca de um trabalhorealizado". Por isso, disse ele, "é importante fazertodos os indiciamentos, mesmo daqueles que já tenham sidoindiciados”. Itagiba vai propor o indiciamento dos delegados ProtógenesQueiroz, Paulo Lacerda, Milton Campanha e, “principalmente”,de Daniel Dantas.