Reunião no Ministério Público vai buscar solução para invasão de ONG por indígenas em Curitiba

22/04/2009 - 11h00

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Uma audiênciamarcada para hoje (22), às 16h, no Ministério PúblicoFederal (MPF), vai buscar uma solução para pôrfim à invasão, na tarde da última segunda-feira(20), da sede da Associação de Defesa do Meio Ambiente deReimer, em Curitiba, por um grupo de cerca de 20 indígenas do interior doParaná. Eles mantêm reféns trêsfuncionários e o presidente da organizaçãonão-governamental, Eduardo Zardo.Os índios querema liberação imediata de R$ 1,6 milhão, valorreferente a última parcela do mês de dezembro de 2008,destinada a programas de saúde de 46 aldeias paranaenses, ondevivem aproximadamente 12 mil indígenas. A Reimer administra averba, repassada pela Fundação Nacional de Saúde(Funasa), e é responsável pela distribuiçãode medicamentos e compra de alimentos que combatem a desnutriçãoinfantil nas aldeias.Ocacique Neoli Olíbio, da aldeia kaingang Boa Vista, nomunicípio de Laranjeiras do Sul, disse à AgênciaBrasil que um impasse burocrático entre Funasa e a ONG atrasoua liberação da verba. Com isso, segundo ele, osfornecedores estão sem receber desde o começo do ano emédicos, enfermeiros e agentes de saúde tambémestão com salários atrasados.“Pessoas quetomam medicamentos de uso contínuo estão com sériosproblemas de saúde”, disse o cacique. Ele disse que hásuspeitas de que a associação desviou recursos daFunasa, o que deverá ser apurado pelo MPF. O presidente daassociação alega que o repasse dessa parcela nãofoi feito pela Funasa, que ainda analisa os relatóriostécnicos enviados para prestação de contas.De acordo com ocoordenador da Funasa no Paraná, Geraldo de Castro, adocumentação analisada até agora apresentou“sérias deficiências” e foi enviada ao departamentocompetente do órgão, em Brasília. Para ele, aONG deveria ser questionada sobre a aplicação daparcela de R$ 4,2 milhões do convênio, repassada emagosto do ano passado.“Deveriam mostrar, inclusive para aimprensa, para serem transparentes, os extratos de como essesrecursos foram utilizados, qual foi a finalidade do convênio.” De acordo com Castro, hámuitas informações contraditórias.Ocacique Neoli Olíbio disse que ainda virão maisindígenas do interior para reforçar a mobilização.Segundo ele, o grupo vai permanecer nas dependênciasda associação, de forma pacífica, até queuma solução seja apresentada. “Na sexta-feira,termina o contrato dessa ONG com a Funasa e assume outra instituição,o Projeto Rondon, temos que estar com tudoesclarecido.”