Pellegrino apresenta amanhã relatório final da CPI dos grampos

22/04/2009 - 21h24

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito dasEscutas Telefônicas Clandestinas (CPI dos grampos), deputadoNelson Pellegrino (PT-BA), apresenta amanhã (23), às 10horas, o relatório final dos trabalhos da comissão. “Oque eu penso em fazer [apresentar] amanhã é umaatualização do meu relatório, não sóno contexto geral, mas fazer a complementação.”Pellegrinodisse que, no relatório que apresentou em 4 de março,fez um diagnóstico preciso sobre interceptaçõeslegais e ilegais no país, sobre os equipamentos usados e sobreas providências que devem ser adotadas. Ele informou que nesserelatório também foi apresentado um anteprojeto de leipara disciplinar as interceptações, que deveráser aprimorado nas discussões nas comissões e tambémna votação em plenário. De acordo com orelator, a prorrogação dos trabalhos da CPI por 60 diasserviu para entender melhor a participação da AgênciaBrasileira de Inteligência (Abin) na OperaçãoSatiagraha, da Polícia Federal. que investiga crimesfinanceiros, e também para ter elementos da participaçãodo grupo do banqueiro Daniel Dantas  na participaçãoda Brasil Telecom.O deputado disse que não pretendepropor no relatório o indiciamento de pessoas jáindiciadas em outras investigações. “Posso atéfazer referência a esses indiciamentos, se têmconsonância com aquilo que investigamos. Não teriasentido indiciar quem já foi indicado”, afirmou.Naopinião de Pellegrino, todas as pessoas que foram consideradasrelevantes para as investigações da CPI foram ouvidas.Sobre o depoimento do juiz Fausto De Sanctis, Pellegrino disse que éimportante, mas não essencial. Para o deputado, tambémnão é essencial o depoimento do general Jorge Felix,chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidênciada República. Pellegrino destacou que alguns depoimentosserviram mais de palanque para os depoentes do que para fornecerelementos à CPI.O presidente da CPI, deputado MarceloItagiba (PMDB-RJ), no entanto, tem opinião diferente da dorelator em relação aos indiciamentos. Para Itagiba, asatividades da CPI ficam como "uma marca de um trabalhorealizado". Por isso, disse ele, "é importante fazertodos os indiciamentos, mesmo daqueles que tenham sidoindiciados”.Ele informou que, se o relator não pediros indiciamentos, vai apresentar voto em separado propondo oindiciamento dos delegados Protógenes Queiróz, PauloLacerda, Milton Campanha e, “principalmente, de Daniel Dantas”.Itagiba dise que ainda falta a CPI ouvir os depoimentos do juizFausto De Sanctis, do procurador Rodrigo de Grandis e “do principalpersonagem, que é o delegado Paulo Lacerda". De acordocom Itagiba, Lacerda "foge da CPI, à qual nãocomparece na condição de agente público",como seria sua obrigação. Hoje (22) a CPI ouviudois servidores da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o inspetorLuís Antônio Pinto Duarte e o delegado Ricardo DominguezPereira. Eles deram explicações sobre a interceptaçãotelefônica sofrida pelo empresário Paulo Marinho.Segundo eles, a interceptação ocorreu por engano, umavez que a polícia investigava o traficante FernandinhoBeira-Mar. “O número do telefone foi passado por uminformante da Rocinha”, afirmaram. O inspetor e o delegadoinformaram ainda que, depois de ouvir a gravação dasfitas e constatar que não havia relação com fatocriminoso, avisaram a juíza de Caxias, no Rio de Janeiro, para excluir o número da autorização deinterceptação.