Ativista afirma que ainda há preconceito e estigma sobre portadores do vírus HIV

22/04/2009 - 18h27

Da Agência Brasil

Brasília - O doutor em Saúde Coletiva e coordenador-geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Veriano Terto, criticou hoje (22) a postura de parte da sociedade brasileira que, segundo ele, ainda hostiliza e vê com preconceito a pessoa com aids.“Com a carga deestigma que os soropositivos têm que enfrentar é muito difícil ele ter cuidadoconsigo próprio e com os demais. O soropositivo ainda vive num meio hostil aele, então é natural que alguns soropositivos também vão reagir de formahostil”, afirmou durante bate papo virtual que faz parte da programação do Prevençãona Rede: Fórum Virtual sobre DST/Aids.Segundo a pesquisa Comportamento, Atitudes e Práticas Sexuais da População Brasileira, realizada pelo Ministério da Saúde entre setembroe novembro de 2008, 13% dos brasileiros acreditam que uma professora portadora do vírus da aids não pode daraulas em qualquer escola; 22,5% afirmam que não se pode comprar legumes everduras em um local onde trabalha um portador do HIV e 19% pensam que, se ummembro de uma família ficasse doente de aids, essa pessoa não deveria sercuidada na casa da família. A pesquisa fez entrevistas com 8 mil pessoas em todo opaís.Deacordo com Terto, os resultados da pesquisa comprovam "o preconceito, arepresentação de perigo que ainda é atrelada aos soropositivos e a ignorância,que reforça esses valores de ameaça".A epidemia é considerada estável no Brasil. Segundo o BoletimEpidemiológico Aids/DST 2008, estima-se que existam 630 mil pessoasinfectadas pelo HIV no país. No sexofeminino as maiores taxas de incidência estão na faixa etária entre 30 e 39anos, no masculino, entre 30 e 49 anos.Durante o bate papo virtual, o coordenador discordou da afirmação de que o soropositivo“sempre tem que contar” que carrega o vírus. “Ninguém diz que é [positivo] parahepatite, HPV, por que que para o HIV tem que ter essa revelação? A gente nãosabe qual é a prevenção? Então por que essa insistência em cima do HIV?”,questionou.Terto destacou a importânciade que escolas e empresas exponham suas políticas sobre o assunto para que a pessoa com aids se sinta à vontade para falar da doença. “Se eu quero, numa escola, que aspessoas soropositivas se revelem, eu tenho que divulgar qual é a política daescola, ao contrário, não adianta, eu não vou criar um ambiente favorável”,explicou.Sobre a criminalização de casos de transmissão do vírus, ocoordenador afirmou que usar a lei criminal em saúde pública só vai aumentar opreconceito perante o soropositivo e afastá-lo do posto de saúde e de medidaseducativas, o que não será eficaz para a prevenção.No dia 29 de abril, será realizado o Encontro Nacional sobre Prevenção das DST/Aids que vai reunir, em Brasília, especialistas para sistematizar as principaisdiscussões ocorridas desde o início do fórum. O Prevenção na Rede: Fórum Virtual de DST e Aids é umainiciativa do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde e tem o objetivo de discutir com a sociedade experiências inovadoras na área de prevenção àsdoenças sexualmente transmissíveis.