Alta dos imóveis é tendência antiga e não está relacionada ao programa habitacional

22/04/2009 - 18h38

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Richard Neviton Mamede, acredita que a alta registrada no início deste ano no preço dos imóveis não está relacionada nem ao programa habitacional anunciado pelo governo, nem à crise financeira internacional. “Trata-se de uma tendência que já vinha sendo identificada desde 2007”, afirmou Mamede.“Mais do que devido a reflexos do programa habitacional do governo, essa  alta se deve à valorização das regiões que estão em processo de desenvolvimento. E mais do que por influência da crise, a redução acentuada do volume de negócios registrada no último semestre de 2008 se deve ao medo causado pela propaganda da crise, que é muito intensa. E não pela crise em si", disse ele, em entrevista dada hoje (22) à Agência Brasil.. “Com isso, as pessoas que planejavam comprar um imóvel resolveram aguardar para ver o que iria acontecer, antes de fechar o negócio”, completou. Mas essa situação, segundo Mamede, já se reverteu no início do ano, e os valores dos imóveis voltaram a subir, retomando a tendência que havia desde 2007. O presidente da ABMH aposta que nenhuma obra do programa governamental seja finalizada este ano. No entanto, ele prevê tendência de supervalorização dos imóveis, em um primeiro momento, após o Minha Casa, Minha Vida começar a apresentar resultados. “Mas isso tende a diminuir após uns seis meses, em função da oferta e da procura”, explicou. “Para evitar essa especulação, é importante as pessoas aguardarem que esse primeiro impacto passe. Aconselhamos também que evitem comprar de forma afoita e emotiva, porque o contrato de financiamento provavelmente se estenderá pela vida toda”, afirmou. Mamede acredita que a influência do programa no preço dos imóveis não será tão significativa porque o Minha Casa, Minha Vida abrange um público diferente daquele participa da absoluta maioria das negociações rotineiras do setor. “No caso dos imóveis destinados àqueles que têm renda familiar na faixa até três salários mínimos, certamente não haverá especulação, uma vez que os preços estarão pré-fixados em R$ 40 mil. Além disso, este é um nicho de mercado pouco representativo", argumenta. De acordo com o presidente da ABMG, para as camadas com renda entre três e dez salários mínimos, a situação não mudará muito porque o contrato será muito similar ao que já é praticado. As únicas mudanças serão a isenção do seguro obrigatório e a possibilidade de participar do Fundo Garantidor, para o caso de desemprego ou de doença. Os juros continuarão entre 6% e 8,16%. Mamede  elogiou a proposta apresentada pelo presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo, segundo a qual o próprio beneficiado pelo Minha Casa, Minha Vida seria contratado pela construtora para fiscalizar a obra. “Eles [os beneficiados] poderiam se organizar em condomínios e determinar quais seriam os representantes que fiscalizariam as obras. Isso seria muito bom porque permitiria um acompanhamento mais próximo da qualidade e do andamento das obras”, disse.