Em Maceió, médicos decidem sobre adesão à greve dos profissionais de saúde esta semana

21/04/2009 - 16h17

Beatriz Arcoverde
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Cerca de2.800 profissionais que trabalham nas 72 unidades de saúde deMaceió estão em greve desde a semana passada. Elesreivindicam reajuste de 34,9%. Até o momento, a administraçãomunicipal ofereceu 5%. Osecretário municipal de Saúde de Maceió,Francisco Lins, disse que as negociações estãoabertas – uma nova reunião com os grevistas estáprevista para o próximo dia 23 - mas, segundo ele, éimpossível oferecer o aumento reivindicado.Osmédicos ainda não aderiram à paralisação,mas já marcaram uma assembléia para o próximodia 23, na qual devem definir sua posição.Para opresidente do Sindicato dos Médicos do estado, WellingtonGalvão, "a saúde em Alagoas está umverdadeiro caos”. Ele acredita que a categoria deve aderir àgreve. Osmédicos que atendem pelo Programa Saúde da Família,atualmente, recebem, em média, R$ 4,7 mil por mês,referente a 40 horas semanais. Eles reivindicam salário-basede R$ 5 mil e aumento de 100% na gratificação, o queelevaria os salários para R$ 7 mil.Jáos médicos que trabalham nas unidades de saúde ecumprem uma jornada de 20 horas semanais recebem salário basede R$ 1.117 e querem 100% de aumento. No estado, os médicos suspenderam osatendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) hánove meses. O presidente do sindicato dos médicos afirma quesomente 7% da população tem plano de saúde. “No caso das cirurgias eletivas[que não são feitas com urgência], somente 5% dademanda é atendida pelo Hospital Universitário emMaceió. Então 95% da demanda de cirurgias eletivas sãofeitas pela rede conveniada, ou seja, hospitais filantrópicose privados. E estes médicos que atendem são apenascredenciados pelo SUS, mas não são empregados doestado, município ou União”, afirmou. “Os médicos reivindicam oaumento da tabela do SUS, no entanto, o governo federal explicou quea complementação da tabela deve ser feita pelos estadose municípios. É isto que a gente quer aqui em Alagoas,que o estado e os municípios complementem a tabela pelo menosem 100%, isso porque a defasagem da tabela de convênio ficaentre 108% e 1600%.”Na semana passada o sindicato dosmédicos protocolou uma reclamação no MinistérioPúblico do Trabalho com relação à diferençasalarial entre os concursados, que recebem mensalmente R$ 1.429, e osprestadores de serviço contratados, que recebem pelo menostrês vezes mais pelo mesmo trabalho. “Em 2007 o governo se comprometeu a implantar oPlano de Cargos e Carreiras, até maio de 2008, pararegularizar o salários dos médicos, mas isso nãoaconteceu. Nós então fizemos uma proposta e, em agostodo ano passado, entregamos um projeto de Plano de Cargos e Carreiras.Entretanto, até agora, o estado não negociou com acategoria. Com essa situação, os médicos estãoabandonando o serviço público”,ressalta o presidente do sindicato.Para agravar ainda mais oproblema, a Maternidade Santa Mônica, que funciona em Maceióe é a única capacitada para atender grávidas comgestação de alto risco, pode ficar sem atendimento. A maternidade escola é administrada pelo governo do estado. Háum mês os médicos entregaram um documento com a relaçãodos pediatras e anestesistas que pretendem se demitir da maternidade.“A entrega foi coletiva e anunciamos que se em30 dias não houvesse a negociação do Plano deCargos e Salários, as demissões individuais seriamentregues. O prazo venceu na última quinta feira (16). Ogoverno do estado pediu uma reunião para esta segunda feira [ontem, 20],mas foi adiada”, informou Wellington Galvão.Semnegociação, a entrega das demissões individuaisdeve ser feita na próxima quinta-feira (23). Wellington Galvão disse que jásolicitou uma audiência com o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, eapresentou o problema ao presidente da Câmara dos Deputados, aopresidente do Tribunal de Justiça e aos representantes doMinistério Público.