CPI ouve procuradores em SP, mas não obtém novidades sobre vazamentos e grampos ilegais

20/04/2009 - 18h48

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Terminou sem muitas conclusões a conversa dos procuradores Fábio Elizeu Gaspar, Lisiane Cristina Braecher e Roberto Antonio Dassié Diana com o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), na tarde de hoje (20), em São Paulo. Depois de duas horas de conversa, Itagiba disse que os procuradores se mostraram interessados em apurar o vazamento que ocorreu durante a Operação Satiagraha, mas que ainda esperam receber o relatório elaborado pelo delegado da Polícia Federal Amaro Vieira Ferreira, onde são investigados os vazamentos e a quebra de sigilo que teriam ocorrido durante a operação.“Enquanto eles não receberem o relatório, portanto não terão condições ainda de fazer uma opinião específica sobre os fatos”, disse o deputado, ao final dos depoimentos dos procuradores, tomados conjuntamente. Itagiba chegou à sede do Ministério Público dizendo que ouviria hoje também o procurador Rodrigo de Grandis, responsável pela Operação Satiagraha. “Tem algumas respostas que são importantes. Talvez a principal delas é ouvir do procurador de Grandis se, de fato, ele tinha algum conhecimento prévio da participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como fez crer o delegado Protógenes (Queiroz)”. Depois de ter sido alertado pelos jornalistas e de ter consultado sua agenda, o deputado percebeu que o procurador sequer havia sido intimado pela CPI. Na saída, Itagiba disse que ainda pretende ouvi-lo, junto com o juiz Fausto De Sanctis, sobre a participação de agentes da Abin na Operação Satiagraha.Já o procurador disse brevemente aos jornalistas que não havia sido “intimado, convidado, convocado ou avisado” sobre a presença da CPI dos Grampos em São Paulo, mas que não recusará o convite, caso este ocorra. Indagado sobre a que conclusões a CPI já chegou durante esse período de investigações, Itagiba destacou e citou cinco situações.“Primeiro, ninguém tinha um número efetivo de quantas interceptações telefônicas existia no país. Segundo, constatamos que ninguém controla o equipamento de interceptação telefônica. Terceiro: constatamos que órgãos que não deviam trabalhar com interceptação telefônica estão trabalhando com interceptação telefônica. Quarto: constatamos que órgãos que não deveriam ter equipamentos de interceptação possuem esses equipamentos. Em quinto, mostramos o abuso do Estado brasileiro quando faz operações utilizando instituições que não são de investigação policial”, disse Itagiba.