Ban Ki-moon lamenta ausência de EUA e Israel em conferência sobre racismo

20/04/2009 - 10h42

Da Agência Brasil

Brasília - O secretário-geral da Organização das NaçõesUnidas (ONU) Ban Ki-moon, disse hoje (20) estar “profundamentedecepcionado” com o boicote promovido por vários paísesà Conferência de Revisão de Durban, quevai até sexta-feira (24) na sede da ONU, em Genebra. Areunião, que vai avaliar o andamento de políticasantidiscriminatórias acordadas em 2001 na África do Sul, é vista por alguns como um palcopara a promoção de anti-semitismo, segundo informações da BBC Brasil. 

EstadosUnidos, Austrália, Alemanha, Canadá, Israel, Itália,Holanda e Nova Zelândia estão boicotando o encontro.França e Grã-Bretanha participam, mas estanão enviou nenhum representante de alto escalão.

Opresidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que negou publicamentea existência do Holocausto, deverá fazer um discurso noencontro - um prosseguimento à primeira conferênciada ONU em Durban, há oito anos, e que terminou em desavenças.Na ocasião, vários países tentaram, sem sucesso,que a conferência equiparasse o sionismo ao racismo. Váriasorganizações não-governamentais tambémforam acusadas de fazer declarações anti-semitas.

Antes daconferência, a alta comissária da ONU para DireitosHumanos, Navi Pillay, se disse “chocada e decepcionada” com osboicotes. “Alguns estados permitiram que uma ou duas questõesdominassem sua abordagem do assunto, permitindo que eles tenham maisvalor do que as preocupações de vários grupos depessoas que sofrem racismo e formas parecidas de intolerância."

Nesteano, os representantes de muitos países ocidentais semostraram incomodados pelo fato de a conferência abrir espaçopara um discurso de Ahmadinejad, o único líder de portea aceitar o convite para o fórum.

Suapresença na conferência sobre racismo causou indignaçãoem Israel e nervosismo dentro da própria ONU, segundo acorrespondente da BBC em Genebra, Imogen Foulkes.

SeAhmadinejad usar a conferência para repetir os ataques aIsrael, ou mesmo para negar o Holocausto, poderá causar sériosdanos ao evento, que a ONU esperava vir a ser um exemplo de uniãointernacional contra a discriminação.

O papaBento 16 também se pronunciou a favor da conferência,afirmando que é uma oportunidade para lutar contra adiscriminação e a intolerância. “Pedimos açãofirme e consistente, em nível nacional e internacional, paraevitar e eliminar qualquer forma de discriminação eintolerância”, disse o pontífice.

Orascunho da declaração final, que vem causando intensodebate, foi diluído para remover todas as referências aIsrael e ao Oriente Médio. Mas, a pedido dos países doOriente Médio, o documento ainda contém uma cláusulasobre a incitação de ódio religioso, que muitospaíses ocidentais vêem como uma restrição àliberdade de expressão.

Opresidente americano, Barack Obama, afirmou que a linguagemanti-Israel no rascunho final, segundo ele “hipócritae contraproducente” em vários trechos, foi a gota d'águaque levou seu governo a boicotar o encontro.