Ministro da Cultura diz que índios tiveram grandes perdas e Estatuto vai ter que evoluir

19/04/2009 - 12h36

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Cultura, Juca Ferreira, considera grandes as perdas culturais dos indígenas brasileiros e afirma que esses povos foram submetidos a uma relação quase sempre “desigual e perversa”. Mas ao comentar a situação atual, por ocasião do Dia do Índio, comemorado hoje (19), Juca afirma que os índios brasileiros já se encontram “absolutamente equipados” para definir suas próprias políticas públicas, e garante: “Vai chegar um momento em que o atual estatuto que rege a relação da sociedade com os povos indígenas vai ter que evoluir". O ministro diz que o Estado deveria incorporar o que chama de “intelectuais indígenas” e lembra que, atualmente, algumas tribos já enviam crianças para que sejam educadas em meio urbano e, posteriormente, se transformem em “agentes indígenas”. O objetivo, segundo ele, é facilitar a formulação de políticas públicas e definir uma relação mais qualificadada com a sociedade brasileira. "Já existe maturidade para que a gente pense em uma incorporação mais definitiva e acredito que índio não é uma especialidade da Funai [Fundação Nacional do Índio]. Todas as políticas têm que ter relação com os povos indígenas e isso está sendo constituído, mas talvez seja bom que a gente aumemte a velocidade e a amplitude dessa modernização das relações”, declara o ministro. Juca diz ainda que, dentre os planos de sua pasta, pretende visitar a reserva indígena Raposa Serra do Sol (RO) e participar de um encontro com povos yanomamis. Ele admite, entretanto, que a relação com a sociedade brasileira ainda está marcada por uma dificuldade em se compreender que o Brasil é um país diverso., pois “no mapeamento do genoma brasileiro, temos mais sangue indígena do que sangue africano ou português.” Sobre o prêmio Culturas Indígenas, ele afirma que a iniciativa pretende facilitar a manutenção das tradições indígenas e também a produção cultural das tribos: “Queremos fazer isso escutando os povos indígenas, para que eles determinem os critérios na formulação de políticas. Queremos também um conselho para apoiar a formulação desse editais.” Alguns cineastas indígenas brasileiros, segundo o ministro, já alcançam reconhecimento internacional e, para ele,o governo “tem obrigação” de disponibilizar recursos que estimulem, fomentem e ampliem tais experiências. Para isso, assegura que “estamos procurando sinalizar de todas as formas o nosso compromisso, interesse e disposição de disponibilizar bens, serviços e recursos".