Brasil vai defender criação de indicador para avaliar evolução de medidas anti-racismo

19/04/2009 - 14h00

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Chefe da delegação brasileira na Conferência deRevisão de Durban, que vai avaliar e ampliar o acordo contra adiscriminação racial definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em2001, o ministro da Secretaria Especial de Promoção de Políticas daIgualdade Racial (Seppir), Edson Santos, vai defender a criação de umindicador para avaliar a evolução das medidas de redução dadiscriminação racial. A reunião começa amanhã (20) e vai até sexta-feira (24) na sede da ONU em Genebra (Suíça). Adefinição de um indicador, nos moldes do Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH), permitiria o acompanhamento das políticas de promoção daigualdade racial, na avaliação do ministro. A implementação efetiva dosmecanismos anti-discriminação definidos pela ONU nos países é uma dasprincipais demandas da sociedade civil. “O indicador seria ummecanismo que medisse a evolução da sociedade na promoção da igualdaderacial a partir dos mecanismos de discriminação positiva, de formaçãode jovens universitários, de acesso ao trabalho, à saúde. Sãoindicadores que nos permitiriam avaliar a redução da desigualdaderacial no mundo a partir desses dados, dessas políticas”, detalhou oministro, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com odiretor-executivo da organização não-governamental Ágere Cooperação emAdvocacy e secretário nacional de ações com a sociedade e governo daComunidade Bahá´í,  Iradj Roberto Eghrari, nomeado relator daConferência da ONU, a criação de um indicador específico paradesigualdade racial “ainda é alvo de negociação”. O que já está nodocumento prévio da reunião – e que deverá ser ratificado pelosministros de Estado no fim da semana – é a obrigação de coleta de dadose desagregação das informações de acordo com a raça ou etnia, porexemplo. “Esse é o primeiro passo para depois falar de índices.Alguns países estão distantes até da coleta de dados. Há países naAmérica Latina cujo censo não diz quem é branco e quem é negro, dizemque não fazem isso porque seria uma medida de discriminação. Claro quenão. Se eu não souber como o negro é tratado no hospital público emrelação a como o branco é tratado, jamais vou conseguir saber comomelhorar o atendimento ao negro”, argumentou. A adoção de açõesafirmativas também será defendida pela delegação brasileira, segundoEdson Santos. “Acreditamos que essas experiências para os segmentosvulneráveis do ponto de vista social são os mecanismos que abrirãooportunidades para qualificação e inserção nas carreiras maissofisticadas do mercado de trabalho”, comentou, em referência àpolítica de cotas de acesso a universidades públicas. Santosacredita em uma convergência entre países ocidentais e orientais sobreos temas da reunião e afirmou que o Brasil deverá manter a “postura demediação” adotada na Conferência de Durban em 2001. “Nosso papel deveráser de busca de consensos para garantir avanços em torno da agenda deDurban.”