Metade dos trabalhadores brasileiros fica menos de dois anos no mesmo emprego

18/04/2009 - 10h43

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Metadedos trabalhadores brasileiros do setor privado que têm carteiraassinada fica menos de dois anos no emprego. É o que revela estudo feito pela Universidade de Brasília (UnB), baseado em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego feita anualmentepelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) referentes ao Distrito Federal e à regiãometropolitana de São Paulo entre 1992 e 2006.Oautor da pesquisa, o sociólogo Roberto Gonzales,afirma que essa rotatividade se justifica por questõessalariais e de políticas das próprias empresas.“Essarotatividade não é derivada apenas de desligamentosvoluntários. É, em grande medida, resultado de demissõese isso tem muito a ver com o quadro institucional e a cultura dasempresas, que permite que elas façam ajustes constantes no seuquadro de pessoal”, explicou.Deacordo com a pesquisa, 50% dos empregos duram menos de 24 meses, 25%duram menos de oito meses e 25% têm duração maiorque cinco anos. O levantamento também mostra que todos os anos 40%das pessoas que trabalham com carteira assinada perdem o emprego.Amaior permanência no mesmo emprego está na indústriade transformação. No Distrito Federal, a permanênciaé de 49 meses e em São Paulo, de 61 meses. Isso se deve ao fato de esse tipo de trabalho exigir experiênciatécnica e ao fato de os trabalhadores do setorserem mais bem organizados em sindicatos.Gonzalesdisse ainda que essa alta rotatividade tem implicaçõessalariais e acaba dificultando a construçãode uma carreira profissional.  “Além disso, há outraconsequência que não é individual, mas coletiva,na verdade isso é um mecanismo que diminui a identificaçãodas pessoas com o seu emprego e acaba sendo algo que freia acapacidade das pessoas de ter condições melhores deemprego coletivamente”, acrescentou.