Cuba é o principal tema dos discursos de abertura da Cúpula das Américas

17/04/2009 - 23h20

Roberto Maltchik
Enviado Especial da EBC
Port of Spain (Trinidad e Tobago) - O único dos 35países do continente que não participa da 5ª  Cúpula das Américas, Cuba foi o tema central dos discursos da cerimôniade abertura da reunião. A pressão para que Cuba retorne àOrganização dos Estados Americanos (OEA) e o embargonorte-americano à Ilha se sobrepuseram aos temas oficiais do encontro: Prosperidade Humana, Segurança Energéticae Sustentabilidade Ambiental.E não faltaramcobranças ao presidente Barack Obama. Primeiro, a presidenteda Argentina, Cristina Kirchner, agradeceu pelo fim das restriçõesde viagens e remessas de dinheiro à Ilha, no entanto, foienfática sobre o fim ao embargo. “O bloqueio à Cuba éum anacronismo”, afirmou. Já o presidenteda Nicarágua, Daniel Ortega, segundo orador da noite, foi maisduro nas suas declarações. Disse que não estáà vontade na cúpula, por causa da ausência deCuba, que segundo ele, apenas luta pela soberania.“Venho a esta cúpula,que nego denominar das Américas, por conta de duas ausências:de Cuba, que luta por sua soberania, e de Porto Rico [protetoradonorte-americano]”, disse.Após o longodiscurso de Ortega, foi a vez do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,falar. Num discurso interrompido várias vezes por aplausos,Obama criticou o que qualificou como “políticas inflexíveis”em relação a Cuba, e defendeu um novo momento narelação entre os dois países, mas sem deixar demandar um recado ao governo cubano. “Não vim paratratar do passado, mas discutir o futuro também com plenosdireitos humanos para os cubanos”, afirmou.Mais tarde, Obamadefendeu um novo início nas relações com Cuba,com “novos dias e novos valores”, e pediu um voto de confiançados parceiros da América Latina. “Os Estados Unidos estãodispostos a reconhecer os erros do passado. Queremos crédito”,disse.De acordo comdiplomatas envolvidos nas negociações da cúpula,os Estados Unidos ainda estão longe de levantar o embargo àCuba, mas o retorno da Ilha aos debates políticos e econômicosdo continente estaria próximo.“Alguma coisa podeacontecer na próxima Assembléia Geral da Organizaçãodos Estados Americanos em Honduras, prevista para junho”,informou um alto funcionário da organização.