Empresários latino-americanos querem diálogo aberto com governos para reformas estruturais

16/04/2009 - 22h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Após dois dias de discussões de como enfrentar a turbulência econômica resultante da crise financeira internacional, o empresariado reunido no Fórum Econômico Mundial da América Latina chegou à conclusão de que é essencial uma atuação conjunta e uma colaboração mais intensa entre os governos e a iniciativa privada. Os empresários decidiram fazer um apelo aos 34 líderes do continente que se reúnem de amanhã (17) até domingo (19) na 5ª  Cúpula das Américas, na cidade de Port of Spain, em Trinidad e Tobago.  “Os empreendedores latino-americanos estendem suas mãos a todos os líderes agora reunidos em Port of Spain. Nosso objetivo é assegurar um diálogo aberto para promover reformas estruturais com respeito ao sistema financeiro e, sem demora, aumentar os novos investimentos para criar uma economia mais segura, mais limpa e mais inclusiva”, diz a declaração que será enviada aos chefes de Estado e de governo da América Latina, do Caribe, Canadá e dos Estados Unidos. O documento propõe cinco áreas prioritárias para ações governamentais de enfrentamento da crise. A primeira delas é  o apoio a financiamentos por  agências internacionais e bancos de desenvolvimento para o fornecimento de assistência e recursos a programas de políticas anticíclicas, com especial atenção aos países mais vulneráveis. Os empresários também sugerem que se encoraje a liquidez no curto prazo por meio de sistemas bilaterais e multilaterais. Pedem a promoção de esforços para revigorar o comércio e os investimentos mundiais, em vez da adoção de barreiuras comerciais e medidas protecionistas. Os empresários propõem, ainda, a extensão das redes de proteção social com base em experiências regionais, como programas de redução da pobreza relacionados a um sistema educacional melhorado. Por fim, sugerem que os governantes da região liderem a coooperação global em iniciativas sobre mudanças climáticas para uma economia verde que inclua tecnologias limpas, fontes de energia sustentáveis e a conservação de ecossistemas. “Os esforços devem se concentrar em instituições fortes, comércio livre e tecnologias sustentáveis”, disseram.A iniciativa foi bem recebida pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que participou ao vivo, diretamente de Trinidad e Tobago, por um telão, da sessão de encerramento do Fórum Econômico Mundial da América Latina, no Rio de Janeiro. Insulza lembrou que a crise econômica internacional não estava na agenda da Cúpula das Américas – nem mesmo consta no já divulgado documento final do encontro de chefes de Estado e de governo –, mas é o tema mais importante do momento e estará no centro das discussões de Port of Spain. O secretário-geral da OEA chegou a sugerir que o encontro será uma continuição da cúpula do G20 financeiro, realizada no último dia 2 de abril, em Londres, já que diversos governantes que participaram do G20 também estarão na Cúpula das Américas, entre eles, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama. “Iremos focalizar questões financeiras, da pobreza, da desigualdades”, disse Insulza. “Certamente algumas  diferenças virão à tona, mas esperamos que possamos chegar a boas conclusões. Temos muitos objetivos comuns e esperamos que esses objetivos comuns prevaleçam”, disse.