Para especialistas, crise pode ser oportunidade para repensar negócios e crescer

15/04/2009 - 22h15

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise econômicamundial é uma oportunidade para repensar negócios ecrescer. Essa é uma das mensagens dos debatedores do FórumEconômico Mundial da América Latina para osexecutivos, representantes de governos, de instituiçõesinternacionais e acadêmicos que participam do encontro nacidade do Rio de Janeiro.Para Timothy Flynn,presidente da KPMG International - uma das maiores empresas deauditoria e consultoria do mundo – a crise não é tãograve quanto parece. “Nem tudo é tão negativo.Aqueles que não perderem a oportunidade de se beneficiar com acrise repensando todos os aspectos do seu negócio estarãoperdendo uma oportunidade de avançar”, disse Flynn.Ele lembrou que afalência da seguradora AIG e do banco de investimentos LehmanBrothers, em setembro do ano passado, foi um choque para as empresase para as pessoas físicas, que pararam de fazer transações.“É muitofácil, num momento de crise, ter uma perspectiva de curtoprazo e parar de investir, recuar e esperar que a tempestade passe.Isso pode ser um início necessário, para avaliar asituação, mas precisamos continuar a investir e ter umaperspectiva de mais longo prazo”, afirmou Flynn.“Aeconomia vai se recuperar, os fluxos de capital vão continuar.Os vencedores estão agora avaliando todos os aspectos de seusnegócios e trazendo a participação de toda aempresa para reavaliar como as coisas são feitas, buscar novasidéias e implementá-las.”Flynn tambémcriticou a tendência de corte de custos como reaçãoà crise. Segundo ele, isso é importante, mas ainda maisimportante são as oportunidades de receita e de crescimento.“Temos que pensar em conter o custo no curto prazo, mas temos quepensar muito mais nas oportunidades de receitas e crescimento àmedida que avançarmos”, destacou.Timothy Flynn sugeriuaos empresários que façam uma avaliaçãodetalhada dos riscos de cada setor. “Já vimos o que ocorreucom os riscos não previstos do setor financeiro. Temos quepensar como podemos identificar riscos e implementar controles paramitigar esses riscos”, completou.O diretor-executivo eum dos fundadores da fabricante norte-americana de softwarespara negócios SAS Institute, Jim Goodnight, tambémrecomendou uma reavaliação dos negócios. Segundoele, a empresa cresceu 30% no Brasil em 2008 e projeta um crescimentode 20% para 2009.“Em épocas como essa, as empresasprecisam voltar para si próprias e se perguntar o que podemfazer para melhorar os negócios, como ter melhores alvos paracampanhas de marketing, como otimizar processos, como lidarcom os estoques cada vez maiores, como verificar a credibilidadedaqueles para quem fazemos empréstimos.”“Sãoquestões que não poderíamos parar para pensar emmomentos de crescimento acentuado. Este é o períodopara responder a esse tipo de demanda”, disse Goodnight.O presidente daconstrutora Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, causou polêmicaao defender que os negócios devem “ter um proprietário”e estar sob o olhar atento do dono. “Não acho que umacionista, que tenha um papel hoje que pode ser vendido amanhã,seja o dono da empresa”, disse o empresário.“O quetenho visto e ouvido em discussões com executivos de empresase de bancos que não têm controle definido, é queos gestores só estão interessados no seu bônus.Ganham o mais que puderem no curto prazo e acabam deixando umproblema de longo prazo. Se não houver alguém que tenhaum compromisso de longo prazo com a empresa e que possa tomardecisões dentro do processo, o que se tem é umasituação de Las Vegas”, avaliou.Para o presidente dobanco londrino Lloyds, lorde Levene, há uma percepçãoirreal da crise e exageradamente negativa. Ele recomendou maisintuição e observação ao empresariado. “Apercepção é fundamental e precisamos fazer comque esteja alinhada com a realidade. Não devemos acreditar emtudo o que lemos, temos que confiar mais em nossa intuiçãoe observar nossos setores”, observou Levene.