MEC quer saída do reitor da Ulbra para solucionar crise financeira que paralisou atividades

16/04/2009 - 20h48

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Deputados estaduais efederais do Rio Grande do Sul se reuniram hoje (16) com o ministro daEducação, Fernando Haddad, para pedir que o ministériointervenha na atual crise financeira enfrentada pela UniversidadeLuterana do Brasil (Ulbra). A instituição particulartem cerca de 140 mil alunos e possui diversos campi dentro efora do estado. Os professores estão em greve e asatividades letivas parcialmente paralisadas. Segundo osparlamentares, os funcionários eprofessores da instituição não recebempagamentos há três meses. Por decisão judicial, as contas da Ulbra forambloqueadas.Haddad afirmou que oministério não pode interferir diretamente na situaçãoporque a Ulbra é particular e constitucionalmente a pasta sótem responsabilidade pelas instituições federais deensino superior. Entretanto o ministro marcou para a semana que vem umareunião com o Ministério Público Federal e com ojuiz que está cuidando do caso para discutir uma solução para o problema. Durante a reunião, os parlamentares informaram que já há três pedidos de intervenção para que oatual reitor, Ruben Becker, seja retirado da direção.O ministro disse que hádois meses teve uma reunião com o reitor da Ulbra em funçãodos rumores sobre uma possível falência da instituição.Becker teria dito que a situação estava sob controle edesde então se recusou a falar com o ministro novamente. Auniversidade é filantrópica e, segundo Haddad, a crisefinanceira é resultado de má gestão.“Nós vamos terque lidar com essa situação infelizmente sem o apoio daatual direção. Nós estamos diante de um quadroem que o atual dirigente da instituição não tema menor condição de continuar à frente dela, sob penade que o problema se agrave ainda mais”, disse.Dois estudantes docurso de medicina da Ulbra também estiveram presentes nareunião e entregaram um documento a Haddad pedindo que o ministério tome as providências cabíveis no caso. Segundo eles, além de as aulas terem sidosuspensas, os quatros hospitais universitários da Ulbra estão sendo fechados. Os parlamentares informaram que 10 mil alunos já pediram transferência emfunção da crise“Não temcondições de nós continuarmos os estudos, a situação está insustentável.Nós não vemos perspectivas de a atual gestãocontinuar, visto que eles não estão conseguindo resolvera crise”, disse Cleber dos Santos Júnior, vice-presidente docentro acadêmico de medicina. Ele contou que a mensalidade do curso é em torno de R$ 5 mil.Segundo o ministro, sóde imposto de renda dos funcionários que deveria ser retido na fonte, aUlbra deve ao governo federal R$ 600 milhões. A presidente daComissão de Educação da Câmara, deputadaMaria do Rosário (PT-RS), disse que agora é necessárioesperar uma decisão da Justiça sobre o processo deintervenção. “Nós estamos trabalhando para queo ministério nos ajude e dê apoio aos estudantes, porqueeles precisam”, afirmou.Outra propostaapresentada pelo ministro para solucionar o problema éapresentar ao Ministério da Fazenda uma minuta de projeto delei ou de medida provisória para extensão dosbenefícios da lei de falências, que é arecuperação judicial, a instituições semfinalidades lucrativas, como a Ulbra. Nesse caso, os recursos dasmensalidades que hoje estão bloqueados poderiam ser destinadosao custeio e à manutenção da instituição,inclusive no pagamento de professores e técnicos.A Ulbra foi procurada pela Agência Brasil para comentar o caso, mas a direção estava em reunião. Até a publicação desta reportagem não houve resposta.