Dantas depõe por mais de seis horas na CPI dos grampos e ataca Protógenes

16/04/2009 - 21h50

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Obanqueiro Daniel Dantas, mesmo de posse de um habeas corpus preventivoque lhe garantia ficar calado, respondeu hoje (16) a praticamentetodas as perguntas da Comissão Parlamentar de Inquérito das EscutasTelefônicas Clandestinas da Câmara (CPI dos grampos). Em mais de seishoras de depoimento, Dantas atacou o delegado afastado da PolíciaFederal Protógenes Queiroz, que coordenou a operação Satiagraha, e também aOperação Chacal e se colocou como vítima de um esquema cujo objetivoera "político e econômico".Dantas negou todas asacusações de que patrocinou grampos ilegais ou que tenha cooptadoautoridades para beneficiar seus negócios. Ele afirmou não ter interessena fusão das teles BrasilTecom e Oi e que perdeu dinheiro no negócio.Ele se disse injustiçado e perseguido pelas operações Chacal eSatiagraha, da Polícia Federal. A Operação Chacal investigou uma suposta espionagem da Krollcontra a Telecom Itália. A empresa teria sido contratada pela Brasil Telecom.Em relação à Satiagraha, o banqueiro afirmou que essa não foi uma operação da PF. “A OperaçãoSatigraha foi da Abin [Agência Brasileira de Inteligência] e não daPolícia Federal. A operação não teve nem o apoio, nem o aporte daPolícia Federal. Ela teve 100 agentes da Abin e três da PF. Usou odistintivo da Polícia Federal com o delegado Protógenes”.  Segundoele, o delegado é uma “metralhadora giratória aparentementedesgovernada”, mas que teria alvo certo. “Essa operação [Satiagraha]teve múltiplos objetivos. Foi uma operação de espionagem. Os dadoscolhidos por essa ampla estrutura eram para ser usados na brigasocietária da BrasilTelecom”, acusou.Dantas disse quenão tem qualquer relação com o filho do presidente Luiz Inácio Lula daSilva, Fábio Luís Lula da Silva. Ele afirmou não acreditar que opresidente tenha solicitado a realização da Satiagrahapara investigar supostas acusações contra seu filho.“O senhorProtógenes tem lançado ilações em várias direções, algumas delasincoerentes. Essa idéia de que o presidente patrocinou essaoperação, não acho que faça sentido.”O banqueiro acusou Protógenes ea Abin de terem praticado escutasilegais e forjado provas para incriminá-lo. “Fui vítima deescuta ilegal pela estrutura coordenada pelo delegado ProtógenesQuiroz. O senhor Protógenes quer se colocar como vítima da situação”.Ele relembrou o fato do Supremo Tribunal Federal ter decidido, por nove votos a um, quea sua prisão na época em que a Satiagraha foi deflagrada, foi ilegal.Ainda no depoimento, Daniel Dantasdisse que, em sua opinião, os juízes de primeira instância estão suscetíveis“a atos de corrupção”. “A preocupação de alguns dos nossos advogadosera que, em casos de primeira instância, poderia ter havidocorrupção de magistrados. Em instâncias superiores, essa hipótese émais remota. No caso de São Paulo, há gravação referindo-se ao fato deque o juiz Fausto De Sanctis não é suscetível a esse tipo de coisa.”Aotérmino do depoimento, o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino(PT-BA), confirmou a entrega do seu relatório para o dia 23. Ele informou que vai pedir o fechamento da filial da  Kroll no Brasil e disse não ter dúvidas de que as consultorias feitas pela empresa Kroll são baseadas em informações obtidas de maneira ilegal.