Daniel Dantas acusa Polícia Federal de realizar grampos ilegais durante a Satiagraha

16/04/2009 - 15h28

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O banqueiro Daniel Dantas, que depõe nestemomento na Comissão Parlamentar de Inquérito dasEscutas Telefônicas Clandestinas (CPI dos grampos), na Câmarados Deputados, acusou a Operação Satiagraha de terrealizado escutas telefônicas ilegais a mando do delegadoProtógenes Queiroz. Dantas se disse vítima noprocesso originado pela Satiagraha, realizada pela PolíciaFederal (PF).“Houve gravações ilegais naSatiagraha, coordenada pelo delegado Queiroz . Não se sei seda Polícia Federal ou da Abin [Agência Brasileira deInteligência]. Para o banqueiro, a Satiagraha tinhaobjetivos políticos. “A operação tevemúltiplos objetivos. Foi uma operação deespionagem. Os dados colhidos por essa ampla estrutura eram para serusados na briga societária da BrasilTelecom”, afirmouDantas.O banqueiro negou que tenha formado uma equipe parainvestigar a vida do delegado Protógenes, contrariando o queeste disse na CPI. O dono do banco Oportunity também acusouProtógenes de repassar informações sigilosasobtidas na Satiagraha a seus adversários. “Tínhamos anítida impressão de que as nossas estratégiaseram repassadas aos nossos concorrentes.” Segundo Dantas, odelegado teria repassado ao Citibank, concorrente de seu grupo,estratégias de mercado apreendidas em sua residência.“Nossos concorrentes com interesses empresariais estavam recebendonossas informações.” Perguntado sobre umsuposto volume de documentos oriundo de grampos ilegais realizadospela Kroll (empresa que teria sido contratada por Dantas pararealizar escutas telefônicas clandestinas), que estariam naJustiça dos Estados Unidos, o banqueiro negou sua existência,apontada pelo delegado Protógenes. Dantas propôsà CPI a contratação de um perito paradescriptografar os dados dos discos rígidos apreendidos porProtógenes. “Vamos mostrar que o que ele [Protógenes]tem dito não corresponde à verdade”. Perguntado pelodeputado Raul Jungmann (PPS-PE) se compartilharia os resultados com aCPI, Dantas disse que não se sente seguro para fazê-lo.O banqueiro tentou desqualificar a operação,comandada por Protógenes, em que Hugo Chicaroni tentousubornar um delegado da PF para que Dantas e seus parentes fossemexcluídos das investigações da Satiagraha. Pelatentativa de suborno, o banqueiro foi condenado, em primeirainstância, pela Justiça Federal em São Paulo.“Isso é uma armação, e esse crime nãohouve”, defendeu-se Dantas. Ele apresentou à CPI um laudoque comprovaria que o vídeo em que Chicaroni tenta pagarsuborno foi “fraudado” pela PF. O deputado AntônioCarlos Biscaia (PT-RJ) criticou a postura de Dantas e ressaltou otrabalho da Polícia Federal e do Ministério Público.”Não podemos concordar com a tentativa de desmoralizaçãoda Polícia Federal. Temos que reconhecer o poder do banqueiroDaniel Dantas”, ironizou. Segundo Biscaia, Dantas estaria tentandopassar de investigado a vítima. “Estou estarrecido com atentativa de inversão dos fatos”, afirmou.A deputada Luciana Genro (P-SOL-RS) qualificouDantas como o "maior criminoso do colarinho branco em atividadeno país".