Cúpula das Américas reunirá 34 presidentes para discutir com Obama crise mundial e embargo a Cuba

16/04/2009 - 21h26

Roberto Maltchik
Enviado Especial da EBC
Port of Spain (Trinidad e Tobago) - A Cúpuladas Américas começa amanhã (16), em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago, com a presençaconfirmada de 34 chefes de Estado e de governo do continente. Aexpectativa das delegações que já chegaram à capital éque o evento sirva como instrumento de pressão sobre o presidente norte-americano,Barak Obama, tanto pelos efeitos da crise sobre a América Latina comopelo bloqueio dos Estados Unidos à Ilha de Cuba.Trinidad e Tobago são duas ilhas, encravadas no Mar doCaribe, próximas à Venezuela. O país de um milhão e300 mil habitantes, rico em petróleo e de língua inglesa, montou umaverdadeira operação de guerra para a Cúpulas das Américas.Omilionário investimento para ampliar a infra-estrutura da cidade não foisuficiente para abrigar tantos convidados. Dois transatlânticos, quesomam habitações para cerca de dez milhóspedes, estão atracados a menos de 1quilômetro do Hotel Hyatt, sededos principais eventos ligados à Cúpula. E um forte esquema desegurança, reforçado a partir de hoje pelo comboio de apoio ao presidente Obama, dificulta ainda mais o já caótico trânsito da cidade.Apressão política sobre o primeiro presidente negro dos Estados Unidosnão virá somente das autoridades latino-americanas. Gente como EdmondArttr, montador de estruturas móveis, quer que a cúpula avance sobre umdos principais sintomas da crise no país: a inflação no preço dosalimentos. "O preço não pára de subir. Arroz, feijão, milho, leite e açúcar... todos estão com os preços nas nuvens", afirmou.Oporta-voz do governo da Guatemala, Fernando Santa Cruz, garantiu que nãohá dúvida de que todos os governantes devem concentrar munição sobreos efeitos da crise, sem contar a pressão para que os Estados Unidos suspendam obloqueio a Cuba."Os presidentes não devem se intimidar pelapresença do presidente Obama. Nós não podemos continuar sofrendo esermos os mais afetados pelas conseqüências dessa crise provocada pelospaíses desenvolvidos. Quanto a Cuba, parece lógico que os EstadosUnidos devem rever sua posição, já que é praticamente unânime o apoiodo continente à ilha", disse o guatemalteco.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à cúpula na tarde de amanhã (17). A principal atividade dele está prevista para sábado (18) pelamanhã, quando participará de encontro com os presidentes Barak Obama edos 12 países que integram a União das Nações Sulamericanas (Unasul).Em debate, a crise mundial, o protecionismo comercial, as desgastadasrelações dos EUA com a América Latina e o embargo cubano.Para oembaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), OsmarChohfi, a reunião da Unasul, marcada a pedido de Obama, reforçará o sinalde novos tempos nas relações entre os EUA e o resto do continente,apesar da ameaça de discursos inflamados dos presidentes Hugo Chavez,da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia."É óbvio que essacúpula proporciona uma nova oportunidade de diálogo, e eu acho que opresidente Obama não vai se constranger. Vai ser um diálogo firme, masserá um diálogo respeitoso. Eu acho que haverá o reconhecimento porparte deles que hoje nós temos uma região, que busca a consolidação dasua democracia através de caminhos que são decididos nacionalmente. Naverdade, eu creio que é uma demonstração da riqueza das instituições danossa região. E não creio que haja qualquer diálogo que possaconstranger qualquer um dos chefes de Estado presentes", disse o embaixador.