Presidente do BC diz que dados do emprego sinalizam retomada da economia

15/04/2009 - 19h30

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, avaliou hoje (15) que o avanço do número de postos de trabalho em março, depois da perda de mais de meio milhão de empregos, ao final de 2008, é um dos sinais de “recuperação” da economia brasileira diante da crise financeira mundial.De acordo com ele, o país vive um momento de estabilidade econômica devido as medidas adotadas e deve ser um dos primeiros países “a sair da crise”. Para Meirelles, a recuperação do crescimento deve se dar a partir do segundo semestre de 2010 e o país pode até mesmo crescer acima da média mundial.“Em fevereiro, tivemos a criação de 9 mil postos e em março há uma criação de 34.818 mil novos postos líquidos na economia. É menos do que média histórica dos últimos cinco, seis anos, mas já apontando em uma direção positiva”, afirmou , em palestra no Fórum Econômico para América Latina, no Rio de Janeiro.Os números relativos às contratações e demissões foram divulgados hoje (15) pelo Ministério do Trabalho. O crescimento do número de vagas com carteira assinada em março representam avanço de 0,11% em relação a fevereiro. Segundo Meirelles, no mês passado, os dados apontavam para um avanço. “Março reforça essa sinalização”, destacou.O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que também participou do evento, discorda da visão "otimista" do governo em relação aos dados do Ministério do Trabalho. Segundo ele, 7 mil postos de trabalho dos 34,8 mil anunciados hoje são sazonais e foram gerados pelo setor sucroalcooleiro.“É uma boa notícia, melhor do que uma notícia pior. Mas nós temos que encara-lá na medida certa, para não nos enganarmos e o presidente do Banco Central achar que 11,25% de Selic está bom”, afirmou, ao cobrar redução da taxa para 7% ao ano.“Temos medidas certa do BC em relação ao sistema financeiro, mas em relação ao crédito, principlamente pra micro e pequena empresa, não há”, completou Skaf. Com a taxa de juros em patamares menores, a indústria acredita que a economia funciona melhor, proporcionando mais acesso ao crédito, mais vendas, tendo, assim, condições favoráveis para a geração de emprego. Durante seu discurso no fórum, Meirelles disse que política econômica avançou e que, em outras crises, o governo subia a taxa de juros em vez de baixá-la, como tem feito o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. “Hoje, pela primeira vez, depois de décadas, o Banco Central  faz política anticíclica para enfrentar a vulnerabilidade externa”, concluiu.