Chuvas na Amazônia devem aumentar nos próximos meses

15/04/2009 - 19h39

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As chuvasque atingiram a Região Norte nos últimos dias e que jádeixaram milhares de desabrigados devem se agravar até junho,mês de maior alta do nível dos rios da Amazônia. Acapital do Amazonas, Manaus, deve enfrentar a pior cheia desde 1953,com elevação de mais de 3 metros no nível do RioNegro, que corta a cidade, como adiantou ontem (14) a AgênciaBrasil.“Nãoqueremos fazer catastrofismos, mas, pelo andar da carruagem, asituação é muito preocupante”, avaliou hoje(15) o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em 1953, o níveldo Rio Negro chegou a 29,68 metros, número que pode sersuperado este ano, de acordo com as previsões do ServiçoGeológico do Brasil. “A persistir a tendência, com 70%de probabilidade de acerto, o nível do rio pode ficar entre29,33 metros e 30,03 metros”, detalhou o diretor-presidente daentidade, Agamenon Dantas.Nosúltimos meses, o volume de chuvas em algumas regiões daAmazônia chegou a ficar 500 milímetros acima da médianos primeiro trimestre do ano. A previsão para Manaus nospróximos 7 dias é de 400% a mais de chuva que o normalpara o período.Segundo osuperintendente do Serviço Geológico em Manaus, MauroOliveira, se o nível do rio chegar ao patamar da cheia de 1953– 29,68 metros – a inundação afetará pelomenos 50 mil pessoas na capital, principalmente a populaçãoque vive em palafitas ao redor de dois grandes igarapés(braços do rio) na área urbana.De acordocom o ministro do Meio Ambiente, as autoridades estaduais e municipais jáforam alertadas para o risco do desastre. “Queremos evitar que serepita a tragédia que aconteceu em Santa Catarina. Dessa veznão se poderá dizer que foi por falta de aviso.Avisamos com 60 dias de antecedência”, apontou.ASecretaria Nacional de Defesa Civil já começou a enviarauxílio para o estado, de acordo com secretário RobertoGuimarães. O repasse incluiu 312 toneladas de alimentos e 450mil itens dos chamados “kits de desabrigagem”, como colchões,lençóis, travesseiros e materiais de desinfecção.“A Defesa Civil está pronta para responder em caso do acontecimento [aenchente]. Estamos preparados para alimentar, abrigar e medicar”,afirmou Guimarães. A Sedec não descarta a retirada depessoas que vivem nas áreas de risco e mobilizaçãode outros órgãos do governo federal no atendimento àspossíveis vítimas.Noentanto, o secretário reconheceu que “culturalmente” noBrasil as ações de defesa civil são tomadasdurante ou após os desastres, sem priorizar as medidas deprevenção. Cálculo da Organizaçãodas Nações Unidas, citado por Guimarães, mostraque cada US$ 1 investido em prevenção de desastresevita o gasto de US$ 10 na solução dos problemas.Aorientação do secretário é que osmoradores da região atendam aos alertas das autoridadeslocais. “As pessoas que estão lá devem ficar atentasàs recomendações da Defesa Civil estadual,municipal, dos órgãos de segurança, como o Corpode Bombeiros e a Polícia Militar”, apontou.Alémda situação de risco em Manaus, a capital acreana, RioBranco, também registra tendência de cheia para o RioAcre. Hoje, o volume do rio chegou à chamada “zona dealerta”, por causa do nível acima do esperado para essaépoca do ano. Mais de 670 famílias estãodesabrigadas em Rio Branco por causa das chuvas recentes.