Isenção da TEC pode ser solução para o Brasil importar trigo fora do Mercosul, diz Abitrigo

13/04/2009 - 14h32

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A isençãoda Tarifa Externa Comum (TEC), praticada na área do Mercosulpara a importação de trigo de países como Canadáou Estados Unidos, que poderá valer a partir do segundosemestre, será a solução para a garantia doabastecimento interno e a manutenção do preçodo produto no país. O Brasil enfrenta dificuldades paracomprar trigo da Argentina – um dos maiores produtores mundiais docereal – por problemas com a estiagem e com o aumento da cotaçãodo dólar.Ao comentar o assunto,em entrevista à Rádio Nacional, o conselheiro daAssociação Brasileira da Indústria de Trigo(Abitrigo), Lawrence Pih, afirmou que é mais vantagem importaro produto do que produzir, uma vez que o subsídio dado aoagricultor nacional fica muito caro. Ele lembra que, enquanto ocusto da produção de uma tonelada pela Argentina ficaem US$ 100, no Brasil passa de US$ 200. A Comissão deMonitoramento do Comércio Bilateral com a Argentina, realizoureunião na semana passada em São Paulo, quando ogoverno argentino manifestou preocupação com a reduçãode 39% no comércio entre os dois países no primeirotrimestre deste ano em relação a 2008.Durante a reunião,de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior (MDIC), o país vizinho prometeu aosecretário executivo da pasta, Ivan Ramalho que, após realizar levantamento sobre a produção de trigo desteano, informará o Brasil sobre potencial dos estoques queestará disponível para venda.Segundo o ministério,o assunto deverá voltar a ser discutido na próximareunião bilateral sobre comércio, prevista para o dia30 deste mês, em Buenos Aires.“O Brasil precisasaber a quantidade de trigo que a Argentina poderá vender paraplanejar a alternativa de comprar de outros países",disse Ramalho. Na ocasião ele afirmou que poderá serreduzido o imposto de importação do produto parapaíses de fora do Mercosul". No ano passado, aCâmara de Comércio Exterior do MDIC (Camex) reduziu azero a tarifa de importação do trigo durante o primeirosemestre, em razão de problemas com a compra da Argentina.O desembarque deestoques de trigo vindos da Argentina leva de três a quatrodias, enquanto de países mais distantes pode chegar até45 dias.A instabilidade domercado argentino exige atenção permanente do Brasilsobre as necessidades do abastecimento interno, segundo Lawrence Pih. Ele disse que o Brasil poderá também vir a adquirirtrigo da Rússia, depois que forem definidos critériosfitossanitários sobre a qualidade do produto naquele país.Ele lembra que o Brasilpode produzir até 6 milhões de toneladas de trigo, comsubsídio, para uma demanda de 9 milhões de toneladasanuais. O país poderia até se tornar auto-suficiente,mas com um custo que seria inviável para o governo.O clima argentino tornao país um produtor em potencial e a custo mais baixo. O Brasilnão tem a mesma vocação agrícola, maspode também comprar estoques do Uruguai e do Paraguai, emboraem quantidades muito aquém do que precisa, argumenta LawrencePih.Os estoques brasileirosno momento são suficientes para o abastecimento interno nospróximos meses. Por isso, a situação ainda nãoé preocupante, uma vez que há disponibilidade de trigode boa qualidade no mercado mundial, conforme Lawrence Pih.