Violência contra criança gera custo social e político para o Brasil, diz médica

12/04/2009 - 17h00

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A violênciacontra a criança gera um grande custo social e políticopara o Brasil. A avaliação é da professoraadjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), quetambém atua como médica pediatra e em clínica deadolescentes, Evelyn Eisenstein. “Estamos gastando dinheiro em vezde fazermos prevenção”, disse.Em entrevista àAgência Brasil, Evelyn afirmou que o Brasil não estáinvestindo no futuro ao não dar a devida importância àspolíticas públicas voltadas para combater a violênciacontra os jovens e as crianças. E um dos resultados disso,segundo ela, é o desperdício de dinheiro com a saúde,quando se poderia estar investindo na prevenção.“O custo é queem vez de estarmos educando crianças e adolescentes para asaúde, para serem cidadãos saudáveis, nóstemos um custo de crianças e adolescentes doentes. Nãosó doentes chegando aos serviços de emergência ehospitais públicos por uso de drogas, gravidez, doençassexualmente transmissíveis ou problemas mentais ecomportamentais. Também tem um custo nas escolas, com arepetência e as crianças saindo da escola. E tudo issovem da violência", afirmou.Para ela, os recursospúblicos voltados à infância e à juventudedeveriam ser investidos em educação. Segundo Evelyn,outra conseqüência da violência é o traumagerado nas crianças. “Violência gera trauma. Nãoexiste bater por disciplina”, ressaltou. E, embora recorde que otrauma pode ser superado por meio de um tratamento psicoterapêutico,a pediatra ressalta que isso gera um “custo maior e demorado”.“A prevençãoé o melhor investimento no futuro e até no presente. Onúmero de crianças doentes mostra que o Brasil nãoestá investindo os recursos que, por lei, é obrigado ainvestir. A maior violência é o próprio paísser violento contra suas crianças e adolescentes. E banalizara violência em vez de preveni-la”, afirmou.Evelyn acredita queessa violência contra as crianças pode ser evitada sehouver diálogo dentro de casa e se for de fato implementado oEstatuto da Criança e do Adolescente. Essa prevenção,de acordo com ela, começa em casa e na escola. “Com os pais,nas escolas, tentando resolver qual é a tensão ou qualé o problema familiar. Foi o desemprego, por exemplo? Por queque a criança se torna o bode expiatório? Por que elaacaba sendo o resultado dessa violência?”, indaga aprofessora.Outro ponto importantena prevenção destacado por Evelyn é aresponsabilidade do Estado. “Os gestores têm de realmenteabrir os recursos da nação. Isso está noEstatuto da Criança e do Adolescente. Crianças eadolescentes, que são metade da populaçãobrasileira, são prioridade absoluta. Cadê os recursospara creches, escolas, hospitais e serviços que atendem ascrianças e os adolescentes?”