Economista prevê recuperação da indústria este ano

11/04/2009 - 17h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O setor industrial brasileiro, que amargou no primeiro bimestre queda de mais de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, tende a se recuperar ao longo do ano. Apesar disso, a indústria não deve crescer em 2009, diz o economista Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ). “Mesmo se recuperando ao longo do ano, o primeiro bimestre foi muito ruim e vai trazer uma certa inércia para o primeiro semestre. Com isso, dificilmente você vai ter  crescimento industrial no ano”, avalia Brandão.

No próximo quarta-feira (15), o  Laboratório de Crise do Gesel promove seminário, no Rio,  para analisar os números da economia e os impactos da crise no setor elétrico. 

Em contrapartida à estagnação projetada para a indústria, o setor de serviços – responsável pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) – segura a economia e faz com que ela fique  mais ou menos estável, destaca Brandão.

Isso, acrescenta o economista, significa que o PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país) poderá cair pouco ou crescer muito pouco,  com retração da atividade industrial em  torno de 2%.

O economista do Gesel acredita, porém, que arte das medidas anticrise  implementadas pelo governo vai  ter um efeito positivo. Some-se a isso, os juros básicos, que devem continuar em trajetória declinante e contrabalançar o setor exportador, que puxará a economia para baixo, “porque a situação internacional é muito ruim”.

A recuperação deverá começar a ser observada no segundo semestre, embora sobre uma base fraca, destacou Brandão. Ele prevê que o PIB  vai ficar em torno de 0% este ano ou  próximo disso.

No cenário provocado pela crise externa, o setor elétrico é o que sofre menos, segundo economista da UFRJ. Grande parte da receita do setor elétrico, ressalta, é regulada ou ligada a contratos  de longo prazo de geração ou de transmissão.

“Onde afeta é na carga industrial, no mercado livre”, afirma o economista. Segundo ele, isso decorre do fato de que houve uma queda  de carga expressiva no setor industrial. Vários segmentos industriais eletrointensivos exportadores estão consumindo menos energia.

De maneira geral, Brandão analisou que a carga da maioria das distribuidoras  vai apresentar recuo discreto ou  vai crescer, em função da carga dos setores comercial e  residencial, que podem apresentar desaceleração, mas não queda  ao longo do ano. “Eles não vão andar para trás”. O tipo de regulação do setor faz com que os efeitos da crise sejam relativamente pequenos, comparados com outros setores da economia.

Para 2010, a expectativa é que o crescimento do PIB será expressivo. O mesmo deverá suceder na área industrial, “por um efeito quase estatístico. “O problema  que a gente tem este ano  provavelmente vai jogar a favor no ano que vem”.  Brandão  imagina que o ano  de 2010 vai partir de uma base  muito maior do que a média de 2008. “Então, vai ser bastante fácil  atingir uma taxa de crescimento mais alta, na faixa de 4% a 4,5%.”

O seminário do Laboratório da Crise do Gesel/UFRJ  será realizado na Casa da Ciência e contará com apresentações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS).