Brasileiros são minoria nos pedidos de patentes de tecnologias para células de hidrogênio

11/04/2009 - 16h33

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dos 503 pedidos de patentes de células à base de combustível apresentados no Brasil de 1996 a 2005, apenas 5,2%  são de brasileiros. É o que revela estudo feito pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), órgão vinculado ao Ministério do Desenvovimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), sobre o patenteamento de tecnologias ligadas a células a combustível.As células são de hidrogênio e geram energia. Nos últimos anos, elas vêm ganhando espaço entre as fontes alternativas de energia.A célula acombustível representa uma alternativa ao combustívelsólido mais usado no mundo, o petróleo, que é“muito poluente e finito”, explica Luciana Goulart de Oliveira,uma das três pesquisadoras do Inpi responsáveis pelapesquisa.A pesquisadora lembraque o hidrogênio “que vem da água, éencontrado em volume suficiente no mundo e não polui”. Porisso, ela considera a tecnologia "bastante agradável doponto de vista ambiental”.De acordo com Luciana,os Estados Unidos lideram o ranking de países que buscamproteção para suas invenções no Brasil,respondendo por 49,8% dos pedidos de patente de células acombustível. Em seguida, vem a Alemanha, com 15,9%.Do total de pedidosapresentados, a maior parte (87,1%) é de empresas privadas.Isso confirma o que quem busca a patente de inovação éa empresa, assinala Luciana.O restante édistribuído entre pessoas físicas (6%), universidadesprivadas (2,4%), instituições de pesquisa públicase privadas (1,3%), empresas públicas (1,1%) e universidadespúblicas (0,7%).A pesquisadora destacouque dos 21 pedidos feitos por brasileiros, referentes a tecnologiasde células a combustível, a maioria é deinstituições e empresas públicas. O resultadoreitera o que o Inpi já havia constatado: as empresas privadasbrasileiras patenteiam muito menos do que deveriam.“Quem realmenteinveste em pesquisa é o setor público. A empresaprivada tem pouca fome de fazer pesquisa e de patentear [no Brasil].Nos países desenvolvidos, as empresas privadas são asgrandes detentoras [de patentes] e investem fundo em pesquisa." A ComissãoNacional de Energia Nuclear (Cnene) lidera o ranking pantentes nopaís, com seis pedidos, seguida do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe), com quatro.Luciana enfatizou,porém, que a célula a combustível apresentadificuldades para utilização de maneira operacional,sobretudo na indústria automobilística paraabastecimento dos automóveis. A estocagem do hidrogêniopara abastecer os carros nos postos ainda é um desafio. “Sãoproblemas que, aos poucos, a área de pesquisa e odesenvolvimento vai resolver." O Brasil e a maioriados países vêm desenvolvendo pesquisas sobre a matéria.Por isso, o Inpi realizou o levantamento, tendo em vista que ainformação sobre patentes é importante parapesquisadores e empresas.O períodoestudado respeita a chamada fase de sigilo, que corresponde aos 18meses transcorridos após a apresentação dopedido de patente. Por isso, os dados referentes ao períodoposterior a 2005 não foram incluídos no trabalho.