Prova que vai substituir vestibular das universidade federais será aplicada em outubro

09/04/2009 - 15h53

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O novo Exame Nacionaldo Ensino Médio (Enem), que deverá fazer o papel devestibular unificado para as universidades federais, já temdata marcada: 3 e 4 de outubro. O cronograma apresentado ontem (8) aos reitoresdas instituições prevê a divulgaçãodos resultados da prova objetiva em 2 de dezembro e da redaçãoem 8 de janeiro de 2010. Pelos cálculos do Ministério da Educação (MEC), o novo exame deverá ter a participação de 4 a 5 milhões de estudantes, em vez dos atuais 3 milhões.A partir da divulgação dos resultados, o aluno irá se inscrever em um sistemaonline a partir do número do CPF. O sistema que serásemelhante ao usado na seleçãode bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni). O estudante deverá escolher cinco opções de cursos,que podem ser em uma mesma universidade ou em instituiçõesfederais diferentes. A partir dessa inscrição, o candidato poderá monitorar diariamente como está a concorrênciapara os cursos escolhidos. Ele poderá alterar, a qualquermomento, a opção que pretende disputar.“Na prática, oestudante concorre a todas as vagas das universidades federais. Apartir do momento que ele percebe que suas chances são menoresem um curso específico, ele pode migrar”, explicou o ministroda Educação, Fernando Haddad. Caso o estudante nãoseja selecionado para o curso que marcou como prioridade, ele pode ser aprovado para a sua segunda opção, deacordo com a sobra de vagas.Segundo o ministro,esse sistema só poderá ser utilizado pelasuniversidades que adotarem o Enem como prova única de seleção.Ou seja, aquelas que quiserem aplicar uma segunda fase alémdo exame nacional não incluirão as suas vagas nessesistema. “Se a primeira opção do aluno é umcurso em que é exigida mais uma fase, ele poderá serprejudicado, porque, se ele não passar na segunda fase, aquelavaga que ele marcou na segunda opção já terásido preenchida”, disse.Haddad ressaltou que osmodelos de avaliação seriada adotados por algumasinstituição, como a Universidade de Brasília(UnB), não ficam impedidos de existir com o sistema unificado.A universidade poderá reservar parte das vagas para essasformas de seleção, bem como para as políticasafirmativas de cotas. O sistema permitirá ainda que ainstituição atribua pesos distintos às notas do aluno nasdiferentes provas do Enem. O mecanismo já é usado por algumas seleções que dão maior peso aoresultado das provas da área de exatas, por exemplo, ao selecionar um alunopara o curso de engenharia.O novo Enem seráformado por quatro provas e uma redação que devem ser aplicadas em doisdias. A idéia é que sejam realizados testes de linguagens e códigos,matemática, ciências naturais e ciências humanas,cada um com 50 itens.Um termo de referênciacom todos detalhes técnicos foi entregue ontem aosreitores que irão discutir nas universidades se vão aderir ao novo Enem como forma de seleção em substituição ao vestibular. De acordo com Haddad, o ministério ainda nãocontabilizou quantas instituições manifestaram esse interesse. Mas ele voltou a afirmar que a proposta tem sido bem aceita.“As instituiçõestêm toda a liberdade para não aderir, aderir comounificado ou aderir parcialmente. Acho que o debate amadureceu nosúltimos anos ”, avaliou. Também já foi criadoum comitê de governança que será responsávelpela criação desse novo modelo de vestibular. Fazemparte do grupo as universidades federais, os secretáriosestaduais de Educação e o Instituto Nacional de Estudose Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsávelpelo Enem.Ontem o ministro sereuniu com a presidente do Conselho Nacional de Secretários deEducação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra, paraapresentar o novo modelo. Segundo ele, a proposta foi recebida com“satisfação” porque as mudanças pensadaspara o ensino médio não podiam sair do papel, uma vez que a etapa eramuito voltada ao atual modelo de vestibular. “Finalmente serápossível fazer a reestruturação do ensino médio,que hoje é completamente subordinado a um processo [osvestibulares] de que eles [secretários de Educação]não participam”, afirmou.Na próximasemana, Haddad se reunirá mais uma vez com os reitores dasuniversidades federais para acompanhar a aceitação daproposta.