Crise reduz pela metade preço de crédito de carbono no mundo

07/04/2009 - 17h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise financeirainternacional afetou o mercado de carbono mundial, reduzindo àmetade o preço do crédito do carbono negociado. Opreço dos créditos de redução de emissãode carbono (CERs, na sigla em inglês) caiu no mundo inteiro eafetou também o Brasil, passando de 20 euros por tonelada,equivalente a um crédito de carbono, para 10 euros a tonelada. O presidente daAssociação Brasileira das Empresas do Mercado deCarbono (Abemc), Flávio Gazani, explicou hoje (7) àAgência Brasil que o preço do carbono estávinculado ao preço do petróleo no mercado externo. Como houve queda no preço do barril do petróleo, omercado de carbono acompanhou essa retração. Combustível fóssil, o petróleo é a maior fonte emissorade gás carbônico do mundo. “Então, se caiu opreço do petróleo, a tendência é que ocrédito de carbono seja de alguma forma ligado a isso”, avaliou Gazani. Outro fator quecontribuiu para a retração do mercado de créditosde carbono foi a redução do ritmo de trabalho e produção das empresas.Menos produção resulta em menosemissões e, conseqüentemente, um número maior de alocaçõesde crédito de carbono para colocar no mercado. “Essaprojeção faz com que a demanda por crédito decarbono de projetos de MDL [Mecanismo de Desenvolvimento Limpo] caia e o preço, também”, disse Gazani.O mercado de carbononão é um mercado financeiro. Os projetos não são negociados em Bolsa deValores. “Eles são negociados bilateralmente na maior partedas vezes”, explicou Gazani.Ele ressaltou que o Brasil foi o único país a realizar, em abril do anopassado, um leilão de créditos de carbono em Bolsa deValores regulada. O resultado foi a venda integral dolote de 800 mil certificados, gerando para os cofres da prefeitura deSão Paulo recursos no montante de R$ 34 milhões. Cadalote leiloado correspondia a uma tonelada de carbono não lançadana atmosfera.O Brasil é oterceiro maior mercado gerador de projetos de MDL. Esses projetos foram estabelecidos no Protocolo deQuioto - concluído pela Organização das NaçõesUnidas (ONU) em 1997 e em vigor desde 2005, com a ratificação da Rússia.Os projetos de MDL permitem a compensação das emissõesde gases causadores do efeito estufa na atmosfera. O mecanismo é considerado umincentivo para que empresas de países industrializadosinvistam em projetos de redução de emissões depaíses em desenvolvimento.O Brasil sóperde para a China, que detém cerca de 30% dos projetos deMDL, e para a Índia, com 27%. O Brasil aparecena terceira posição, com 10% dos projetos. No ano passado, o mercado global de carbono faturou US$ 118bilhões.