Dekasseguis transferem alta tecnologia para fábrica fluminense de lentes ópticas

06/04/2009 - 17h43

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dezoito dekasseguis (brasileiros filhos dejaponeses que foram trabalhar no Japão) voltaram ao Brasil e estão repassando a profissionais fluminenses os conhecimentosde alta tecnologia adquiridos em uma fábrica de lentes ópticasnaquele país. Eles não chegaram a ter problemas por causa da crisefinanceira internacional, porque quase todos foram contratadosdiretamente pela filial brasileira da Hoya, inaugurada em novembro doano passado, no Rio de Janeiro. Alguns foram indicados pela matriz.No entanto, dekasseguis queainda continuam trabalhando na fábrica no Japão játiveram salário e carga horária reduzidos. A informaçãofoi dada hoje (6) à Agência Brasil pelo chefe deinspeção final do Setor de Qualidade da Hoya Lab,Guilherme Taguchi. Ele trabalhou na matriz japonesa nos últimoscinco anos.De acordo com o gerenteda unidade brasileira, Leonardo Martins, mão-de-obraespecializada como essa não é encontrada com facilidadeno Brasil. Daí o interesse da filial da Hoya de contratartécnicos que já vieram para o país com umelevado know-how (experiência) sobre o processo defabricação e tratamento das lentes. “E nãoprecisamos, assim, de um longo período de treinamento dosfuncionários.”A empresa começoua funcionar há 16 anos no Brasil, com uma representaçãocomercial da marca e fabricando apenas um produto.Atualmente, a marca produz no país 42 itens diferentes. Asvendas cresceram e a empresa resolveu instalar uma fábrica noestado do Rio para atender à demanda. “Agora, com aconstrução do Hoya Lab, adicionamos um braçoindustrial que trará um crescimento previsto de 25% noprimeiro ano de operação”, disse Martins. A fábricatem cerca de 90 empregados.Segundo ele, a produçãomensal não pode ser divulgada. “Ainda é um segredofabril”, por causa da concorrência, explicou. Além de elevar onível de produtividade e de qualidade dos produtos, acontratação dos dekasseguis contribui parareduzir o preço ao consumidor final. Se o produto fossefabricado no exterior, teria custo bem maior, com taxa de importação,o que inviabilizaria ter um produto de nível tãoavançado no Brasil. Então, ter o parque fabrilaqui, com mão-de-obra local, facilita muito. Porque, alémde melhorar a nossa economia, conseguimos também representarisso em preços melhores”. A Hoya Lab produz lentes de grau elentes de alta tecnologia e faz tratamentos anti-reflexivos de luz emlentes para melhorar a visão das pessoas.Os dekasseguisque trabalham na filial brasileira são oriundos de SãoPaulo e do Paraná. Guilherme Taguchi considera o emprego noRio de Janeiro uma boa oportunidade. “Aqui no Brasil a gente sabeque emprego também está muito difícil.” Quando ele começoua trabalhar na fábrica japonesa, há cinco anos, aprodução era de cerca de 15 mil lentes por dia, númeroque caiu agora para um quinto. A queda não decorre apenas dacrise internacional: a companhia abriu duas fábricas naTailândia, onde a mão-de-obra é muito maisbarata. "Um brasileiro noJapão daria para pagar dez tailandeses”. No estado do Rio, aprodução é bem menor, mas há perspectivade aumento, pois, “a cada semana, as vendas estãoaumentando”, disse Taguchi. Com o passar do tempo, um únicoturno não vai sustentar a demanda, disse ele.Quando começou atrabalhar no Japão, Taguchi recebia US$ 14 por hora. Hoje, osdekasseguis que continuam na fábrica japonesa tiveram osalário diminuído para cerca de US$ 10 por hora.