Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O governo estadual decretou três dias deluto pela morte do jornalista e ex-deputado federal Marcio MoreiraAlves. De Londres, onde se encontra em viagem oficial, o governadorSérgio Cabral lamentou a morte de Moreira Alves, falecidoontem (3) no Rio, aos 72 anos, de complicaçõesdecorrentes de um acidente vascular cerebral. O governador em exercício, Luiz FernandoPezão, comparecerá ao velório do ex-deputado,que está sendo realizado na Assembléia Legislativa. Emnota divulgada pela Assessoria de Comunicação dogoverno do estado, Pezão afirma que “Marcio teve uma vidadedicada ao Brasil, na luta pela redemocratização dopaís. Como jornalista, foi um homem com olhar diferenciado,buscando sempre mostrar os bons exemplos que esse país sempreteve. Foi um homem de coragem, fibra e sensibilidade.”Carioca, nascido em 1936, Marcio Moreira Alvescomeçou a trabalhar como jornalista aos 17 anos, no jornalCorreio da Manhã. Em 1966, foi eleito deputado federalpelo então estado da Guanabara. No dia 2 de setembro de 1968,pronunciou na Câmara dos Deputados um discurso em queconclamava o povo a boicotar as comemorações do Dia daIndependência, em protesto contra a invasão por tropasmilitares das universidades Federal de Minas Gerais e de Brasília.O regime militar considerou o discurso ofensivo àsForças Armadas. A negativa do Congresso Nacional em concederlicença para que o deputado fosse processado serviu de motivopara que os militares decretassem o Ato Institucional nº 5(AI-5), o que levou ao fechamento do Congresso e à cassaçãode diversos políticos, entre eles o próprio MoreiraAlves. Após o exílio em váriospaíses, Marcio Moreira Alves retornou ao Brasil em 1979,beneficiado pela anistia. Desde então, dedicou-se aojornalismo, tendo sido por dez anos colunista do jornal O Globo.