Associação diz que faltam iniciativas para inclusão de pessoas com autismo

02/04/2009 - 22h22

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Associação de Paise Amigos de Pessoas Especiais (Apape) recebeu hoje (2), Dia Mundial deConscientização sobre o Autismo, o prêmio Orgulho Autista. A entidade funciona como lar de apoio e presta assistência médicae jurídica às famílias,além de desenvolver atividades de lazer para crianças com necessidades especiais. O prêmio foi entregue nos estúdios da Rádio Nacional AM (emissora da Empresa Brasil de Comunicação).A entidade foi criada há quatro anos pela moradora de Belo Horizonte (MG) Estela Maris Guillen de Souza com o auxílio de outros pais. Mãe de três filhos, Estela afirma que, por duas décadas, desde que a síndrome foi diagnosticada no filho mais velho de 22 anos, conviveu com situações de preconceito e constrangimento em função do comportamento "diferente" da criança. “A sociedade nãoestá preparada para a diversidade”, avalia a presidente da Apape. “As pessoasnão compreendem atitudes, digamos, bizarras." Para Estela, faltam campanhaseducativas e maior atenção da imprensa para“conscientizar a sociedade e o poder público” de que são necessárias iniciativas mais efetivas de atendimento einclusão.A premiação à Apape foi promovida peloMovimento Orgulho Autista Brasil, que também realizouseminário, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos eMinorias da Câmara dos Deputados, para tratar de questões como autismo e segurançapública; direitos dos portadores e familiares; atendimento narede pública; e o financiamento das políticas públicas.De acordo com os organizadores, os eventos foram criados para desmistificar a síndrome doautismo. “Tem autista que faz faculdade”, assinala Estela Maris. "As pessoas que são tratadas e que não têmcomprometimento da inteligência estão aíconvivendo com a gente e a gente não sabe”, destaca o psiquiatra infantil Walter Camargos Júnior.Segundo o médico,o autismo pode estar vinculado a outros problemasmentais que agravam a síndrome, mas isso não é regra. Ele afirma que aindanão há exame clínico, teste psicológico outecnologia que forneçao diagnóstico.De acordo com o especialista, a síndrome tem início na infância (antesdos 3 anos), quando ocorrem “mudançasquímicas, neurológicas no processo orgânico” eafeta mais os meninos do que as meninas.Camargos Júnior explicaque o autismo “não é uma ausência”, comocostuma ser taxado no senso comum, mas “comprometimentos” nacapacidade da criança de se relacionar com outras pessoas.Segundo ele, o autista olha pouco para as pessoas, nãoreconhece nome e tem dificuldade de interaçãopessoal. Atrasos na linguagem verbal e não-verbal (corporal e gestual), comportamentos restritos, repetitivos esem sentidos também são características da síndrome. Em parceria com o Movimento Orgulho Autista Brasil, o psiquiatra finaliza este mês um vídeo que auxiliará na identificaçãode autismo em bebês. Ele afirma que o tratamento é feitocom auxílio de um grupo de reabilitação (comfonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta,psicóloga e professores) e se diferencia de acordo com“a gravidade do quadro” e outros fatores como a situação familiar, o diagnósticoprecoce e a simultaneidade de doenças mentais e degenerativas.O especialista afirma que o diagnóstico precoce é importante e que os pais devem questionar o pediatra caso suspeitem que o filho tenha a síndrome. "Seja direto e objetivo pergunte se o médicoentende do assunto e, se não, se sabe indicar alguémque entenda”, aconselha Camargos Júnior.