Feira oferece 6,5 mil vagas de emprego para pessoas com deficiência

02/04/2009 - 19h18

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Teve início hoje (2), em São Paulo, a terceira maior feira de inclusão, reabilitação e acessibilidade do mundo, a Reatech. O evento reúne empresas dispostas a contratar funcionários que tenham algum tipo de deficiência. Este ano, serão oferecidas cerca de 6,5 mil vagas - em 2008, foram quase 8 mil postos, mas apenas 500 foram preenchidos. Para o diretor da feira, Rodrigo Rosso, a falta de capacitação profissional dos trabalhadores com deficiência é o principal problema encontrado pelas empresas. Segundo ele, a demora na contratação se deve a esse motivo. "Há vagas para todas as deficiências, masé difícil encontrar um profissional que tenha aquele exato perfil",explicou. Segundo ele, em geral, as pessoas com deficiência mental são contratadas como empacotadores emsupermercados. Já os deficientes auditivos costumam conseguir vagas em linhas de montagem."Esta dependência do tipo de função relacionado com o tipo de deficiência é a que impede mais contratações. Os deficientes visuais são muito procurados para telemarketing", disse. Para cumprir a lei de cotas, que determina que empresas com mais de 100funcionários devem reservar pelo menos 2% dos cargos para deficientes, algumas companhias procuram recrutar funcionários em feirasespecializadas.A psicóloga responsável pela reabilitação profissional da fundação Dorina Nowill, Tania Jung, afirmou que, além do telemarketing, os deficientes visuais também são procurados para trabalhar como massagistas. "Contratar portadores de deficiência não eleva os custos, as empresas precisam é oferecer recursos", afirmou.Cega desde que nasceu, a revisora de braille Rita de Cássia Martins de Araújo teve dificuldades em conseguir seu primeiro emprego. "Fiz cursos profissionalizantes para conseguir uma vaga", lembrou. Depois de adquirir experiência, ela logo arrumou outro posto de trabalho. "Hoje não há nenhuma barreira para que eu não seja contratada porque tenho experiência. A única coisa que preciso é de um computador com software de voz", disse.A supervisora de desenvolvimento de pessoas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), Maria Lúcia Narciso Russo, afirmou que é um desafio constante combinar o conhecimento e a habilidade de cada deficiente para um determinado cargo. "Contratar deficientes não é apenas ocupar um espaço ou cumprir a lei e, sim, dar dignidade para um cidadão. Por isso temos muito cuidado para encontrar uma pessoa com o perfil da vaga, para que ele possa se sentir produtivo", disse.Para Maria Lúcia, a falta de qualificação profissional não é a única questão: "Muitos não foram preparados emocionalmente, a família superprotegeu, achando que o portador nunca iria precisar trabalhar". Segundo ela, para conseguir inserir o deficiente no quadro de funcionários, a PUC tem sido flexível em alguns casos. "Procuramos nos adaptar ao perfil do candidato", comentou.