Entidades divergem sobre necessidade de diploma para exercício do jornalismo

02/04/2009 - 20h44

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A necessidade dodiploma do curso superior de jornalismo para o exercício daprofissão divide entidadesrepresentativas da categoria. A questão deve ser julgada, em caráterdefinitivo, nas próximas semanas pelo Supremo TribunalFederal. A ação foi impetrada pelo Sindicato dasEmpresas de Rádio e Televisão de São Paulo epelo Ministério Público Federal. Para o diretor executivo da AssociaçãoNacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pereira, não se podedeterminar que a profissão seja exercida exclusivamente porquem é formado em jornalismo. Para ele, isso fere oprincípio da liberdade de expressão. “Pretender que apenas pessoas que passaram poruma escola de jornalismo, que só elas possam trabalhar emempresa jornalística, escrever em jornais, guardadas asdevidas proporções, é como pretender que sópossa escrever livros quem passou por uma determinada faculdade, ouseja, você está indo contra a liberdade de expressão”,afirmou Pereira.Ele não acredita que a dispensa do diplomapara o exercício da profissão prejudique aqualidade da informação, porque antes dessa exigência,já havia jornais e profissionais de “excelente nível”.“Antes da obrigatoriedade [do diploma] já tínhamosjornais de excelente nível, grandes jornalistas que sãoreferência para os profissionais e não passaram porescolas de jornalismo”, argumentou.O presidente da Federação Nacionaldos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, contudo,disse que a exigência do diploma para o exercício dojornalismo permitiu a profissionalização da atividadeno Brasil. “A exigência é estruturante da nossaprofissão”, afirmou.“É ela que nos dá identidade edignidade profissional, principalmente porque a exigência doensino superior para jornalista profissionalizou o jornalismo noBrasil, qualificou o jornalismo no Brasil. Mesmo os mais ácidoscríticos dessa legislação são obrigadosa reconhecer a enorme contribuição que o ensinosuperior, que a exigência do diploma deu para o aperfeiçoamentodo jornalismo no Brasil”, destacou.Sérgio Murillo disse que desde 1918 acategoria já reivindicava a implantação deescolas de jornalismo, e isso só foi conseguido hácerca de 40 anos, quando foi regulamentada a profissão e anecessidade de curso superior para exercê-la.