Crise pode provocar queda de 31% no fluxo de capitais no Brasil, diz ActionAid

02/04/2009 - 18h13

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Aorganização não-governamental (ONG) ActionAiddivulgou hoje (2), em Londres, um relatório segundo o qual acrise financeira internacional poderá gerar este ano queda de31% no fluxo de capitais no Brasil, em comparação com2007. Segundo o relatório, isso pode ocorrer porque o Brasildepende muito de capital externo e boa parte do capital que entra nopaís é especulativo e não produz trabalho nomercado doméstico. "Temos que reduzir adependência externa, senão a economia fica muitovulnerável ao que acontece no mundo. E o país podesentir uma crise dessas de forma muito violenta”, disse ocoordenador do Programa de Segurança Alimentar da ONG, CelsoMarcatto, em entrevista à AgênciaBrasil.As projeçõesapontam a maior perda de fluxo de capitais este ano em relaçãoao período pré-crise na África do Sul (-47%),devido à atual situação financeira mundial,seguida da Estônia (-43%), Coréia (-38%), Turquia(-34%), Brasil (-31%), Rússia (-30%) e Índia (-29%). NaÁfrica Subsaariana, a queda projetada de 13% no fluxo decapitais equivaleria a uma queda real de renda que poderia chegar a US$ 49 bilhões, diz o relatório da ActionAid.O documento mencionaainda a evasão de divisas praticada pelas corporaçõestransnacionais, que atinge US$ 160 bilhões em todo o mundo e,segundo a ONG, pode anular a ajuda internacional dada aos paísesem desenvolvimento. “É preciso combater a evasãofiscal, que é um problema sério nos países emdesenvolvimento, e suspender imediatamente as medidas protecionistasque estão sendo implementadas pelo países do PrimeiroMundo, pois vão prejudicar a economia como um todo”, afirmouMarcatto.Ele disse tambémque não dá para aceitar, em um momento de crise, quecontinuem em curso os processos de acordos bilaterais que “podempiorar a situação dos países emdesenvolvimento”. Para a ActionAid, énecessário ainda fazer uma reforma profunda nas instituiçõesfinanceiras internacionais, para que se tornem mais transparentes eabertas à opinião pública. “Elas têm queter estrutura de governança mais clara para impedir quesituações como a atual crise se repitam e anulem opouco que se conseguiu nos últimos anos em termos de políticassociais”, afirmou o coordenador da ONG.