Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Asmulheres brasileiras ainda não sabem que é apenas pormeio da mamografia que se detecta precocemente o câncer demama. O alerta é da Federação Brasileira deInstituições Filantrópicas de Apoio àSaúde da Mama (Femama). “Elas continuam achando que épelo auto-exame ou pela apalpação [exame realizadopelo médico] e isso não é suficiente parareduzir a mortalidade”, disse a presidente da entidade,Maira Caleffi.Duranteaudiência pública na Câmara dos Deputados, elalembrou que países desenvolvidos conseguiram reduzir drasticamente o número de mortes porcâncer de mama com a realização de campanhas contra a doença. O Reino Unido, por exemplo, começou a fazer essas mobilizações em 1975. Para Maira, o segredo está norastreamento – detecção de tumores ocultos por meioda mamografia – e no atendimentoadequado.“Paraquem não faz, a curva [de óbitos] continuasubindo. A sobrevida depende do tamanho do tumor. O pequeno tem até95% de chance de cura, mas é a mamografia que detecta.”Mairadefende que o exame seja disponibilizado pelo Sistema Único deSaúde (SUS) anualmente e não a cada dois anos, como éfeito atualmente. Ao comentar os resultados da pesquisa A mulher eo câncer de mama, feita pelo Instituto Datafolha edivulgada hoje (1º), ela destacou que muitas mulheres que receberam o diagnóstico depois de se submeterem à mamografia no período estipulado pela leiapresentaram estágios avançados da doença. Segundo o estudo, 31% das mulheres brasileirasnunca fizeram exames para detectar câncer de mama, sobretudo asque usam o sistema público de saúde."Éuma saga. Muitas desistem ou morrem na fila”, afirmou, referindo-se ao tempo que muitas pacientes do SUS têm que esperar para conseguir o tratamento. De acordo com Maira, o prazo para o iníciodas consultas, para uma possível remoção dotumor e para a posterior quimioterapia é crucial. Segundo ela, a cada 1 milímetro que o tumor cresce, a chance de cura diminui em 1%.
Mairaafirmou que a Fenama já trabalha na sensibilização de secretáriosde Saúde e prefeitos para que a Lei 11.664/08 sejaimplementada. O texto, que entra em vigor no dia 29, obriga a rede pública de saúde a realizar amamografia gratuitamente para mulheres acima dos 40 anos.
Para ela, a legislação tem “furos”, porque não prevê periodicidade para o exame, assim como um prazomáximo para a primeira consulta e o início dotratamento.
“Sabemosque não vai ser uma coisa de hoje para amanhã mas, pelomenos, temos uma lei pela qual lutar. Precisamos de voz ativa e demetas”, afirmou Maira.
