Mãe de vítima do caso da Providência perde outro filho durante ação da PM

27/03/2009 - 17h19

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Menosde um ano depois de perder o filho Marcos Paulo Campos, de 17 anos,morto por traficantes em um episódio que teve participaçãode militares do Exército, em junho do ano passado, no Morro daProvidência, Maria de Fátima sepultou hoje (27) o corpode outro filho, José Carlos Barbosa, de 22 anos.José Carlos foi morto ontem(26) de manhã, durante uma incursão policial nacomunidade. Segundo o depoimento de uma testemunha, policiais do 5oBatalhão da Polícia Militar (PM) chegaram atirando à Ruado Monte, onde o rapaz foi atingido."Todo mundo que estava na rua correu. E ele [JoséCarlos] estava passando na hora, correu, viu uma porta aberta eentrou. Nisso, já tinha um policial lá dentro e começoua atirar. Nem deu chance dele falar que era pai de família,trabalhador, não teve chance de nada", relatou atestemunha, em depoimento na Comissão dos Direitos Humanos daOrdem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro(OAB-RJ).De acordo com a testemunha, que pediu para não ser identificada, quando a mãe de José Carloschegou, foi impedida de entrar para ver o corpo do filho, tendo sido,inclusive, agredida pelos policiais."Eles não deixaram a mãeentrar no prédio, agrediram ela, jogaram no chão ederam chutes. Também agrediram outra moradora da comunidade,bateram como se estivessem batendo em homem, deram soco na cara,chute. E começaram a xingar a gente, porque estavam nervosos.Se estavam tão certo do que estavam fazendo, por que tantomedo? Começaram a dar tiros para o alto e disseram que iam dartiro em nós", contou a testemunha, que negou ligaçõesdo jovem morto com qualquer atividade criminosa.Segundo a presidente da Comissãodos Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Pressburger, o crime podeestar relacionado com o assassinato dos três jovens do Morro daProvidência no ano passado. Margarida não acredita queseja “mera coincidência” e diz que os fatos podem estarrelacionados.“Pelo que estamos sabendo, queconseguimos colher na comunidade com algumas testemunhas, essafamília vem sendo ameaçada há algum tempo",afirmou Margarida, que pretende procurar o secretário especialdos Direitos Humanos da Presidência da República, PauloVannuchi, para garantir proteção às testemunhas.Não foi bala perdida, foi bala achada.”

AAgência Brasil procurououvir a PolíciaMilitar, que, até o fechamento desta matéria, ainda nãotinha se pronunciado sobre o caso.