Lula e Brown vão defender na reunião do G20 maior regulação do sistema financeiro

26/03/2009 - 18h17

Mylena Fiori e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Noque depender da disposição do presidente Luiz InácioLula da Silva e do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, areunião de líderes das maiores economias desenvolvidase em desenvolvimento, marcada para 2 de abril, em Londres, resultaráem uma maior regulação do sistema financeirointernacional. O discurso foi afinado, durante encontro hoje (26), noPalácio da Alvorada. "Estamos determinados afazer com que o sistema financeiro mundial passe por uma regulação.Não é possível que só o sistemafinanceiro não seja vigiado e não tenha umafiscalização. É preciso que o sistema financeirose reeduque para trabalhar junto com o sistema produtivo e nãose transformar em um cassino, querendo ganhar dinheiro sem produzirum benefício, um emprego ou um produto”, disse Lula. Gordon Brown tambémfoi enfático na defesa da regulação e disse nãoacreditar em resistência dos Estados Unidos – atémesmo paraísos fiscais, como Andorra, Suíça eSingapura, Áustria e Hong Kong já anunciaram que sealinharão aos novos princípios internacionais, frisou.“Certamente haverá um avanço na regulação”,afirmou o primeiro-ministro britânico. Para Lula, éfundamental uma maior presença do Estado nesse processo.“Tenho uma visão do sistema financeiro, eu diria, um poucomais rígida. Dou como exemplo o sistema financeiro brasileiro,em que é possível construir uma coisa mais sólidaem que o Estado tenha o mínimo de ingerência”,afirmou. E lembrou que todos aqueles que sempre criticaram aintervenção do Estado na economia pediram socorro aosgovernos nesse momento de crise. "Aqui no Brasilcostumava-se dizer que o Estado não valia nada, que sóatrapalha, que, se não existisse governo, Estado, tudo seriamelhor”. E completou: “Temos agora oportunidade de fazer com queo Estado volte a ser Estado. Não defendemos um Estadoadministrador, um Estado dono da economia, nós queremos apenasum Estado que seja o articulador, o indutor das coisas que acontecemdentro de cada país”, disse o presidente. Osdois líderes defenderam o aumento do comércio comocaminho para retomada do crescimento mundial. Nesse sentido,alertaram para o risco que representa a adoção demedidas protecionistas. Na cúpula do G20 financeiro, realizadaem novembro passado, em Washington, os chefes de Estado concordaramcom a necessidade de evitar barreiras ao comércio. Apesar disso, estudo do BancoMundial indicou que 17 dos 20 países do grupo adotaram medidasprotecionistas desde a reunião. Ainda assim, o discursoantiprotecionismo será reiterado na cúpula de Londres. "Comparo o protecionismo auma droga. Alguém usa droga porque deve estar em crise e achaque os efeitos da droga poderão facilitar sua vida num curtoprazo, mas os efeitos serão muito rápidos. Depois vem adepressão. No nosso caso, se não agirmos corretamente,além da depressão, virá a recessão, maisdesemprego, mais instabilidade. E aí nós nãotemos previsibilidade do que pode acontecer no mundo, se nãoagirmos com responsabilidade”, ponderou Lula. Lula e Gordon Brown aindadefenderão, no G20 (grupo dos países emdesenvolvimento), a reforma do Fundo Monetário Internacional(FMI) e do Banco Mundial, para que se tornem mais democráticos.Segundo Brown, instituições idealizadas nos anos 40 nãosão adequadas para tratar da atual crise mundial. Além de preparar odiscurso para a reunião de líderes do G20 financeiro,Lula e Gordon Brown acertaram que trabalharão em conjunto parapreparar a conferência do clima, em Copenhague, prevista paradezembro deste ano e da qual deve sair um acordo internacionalpós-Protocolo de Kioto. Eles também falaramsobre cooperação na área esportiva. Brasil eInglaterra pretendem compartilhar experiências e conhecimentopara as Olimpíadas de 2012, em Londres, e a Copa de 2014, noBrasil. Além disso, anunciaram parceria entre a ConfederaçãoBrasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Inglesa deFutebol também para troca de experiências.