Juros de financiamentos estão voltando a níveis anteriores à crise, avalia BC

26/03/2009 - 15h12

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As taxas de juroscobradas nos financiamentos estão voltando aos níveisanteriores à crise financeira internacional, que levou àredução do crédito ofertado no mercado. Aafirmação é do chefe do Departamento Econômicodo Banco Central, Altamir Lopes. O agravamento da crise financeirainternacional ocorreu em meados de setembro. “Tivemos uma reduçãopronunciada na taxa de juros, principalmente para as famílias,como cheque especial, o crédito pessoal, que sãomodalidades recuaram bastante, quase que para patamares anteriores àcrise. No caso das pessoas jurídicas, houve recuo das taxas,mas não de forma tão pronunciada”, afirmou Lopes. No caso do chequeespecial, por exemplo, a taxa chegou a 166,7% ao ano, a menor desdeagosto de 2008 (166,4% ano ano). “Não que esteja baixa [ataxa do cheque especial]. Estava muito elevada antes da crise”,afirmou Lopes. A taxa média dejuros caiu 1,1 ponto percentual de janeiro para fevereiro, com taxaanual de 41,3%. No caso das pessoasfísicas, a taxa passou de 55,1% para 52,7% ao ano. Os jurosanuais cobrados pelo crédito pessoal, que inclui operaçõesconsignadas em folha de pagamento, passou de 56,5% para 54,5%. Paraas empresas (pessoas jurídicas), a redução foide 31% para 30,8% ao ano. Nos dados preliminaresdeste mês, até o dia 16, a taxa média anual dejuros recuou 1,3 ponto percentual e chegou a 40%. Para as pessoasfísicas (famílias), o recuo foi de 1,1 (51,5% ao ano) epara as empresas, de 1,6% (29,2% ao ano). O volume do créditoreferencial para as taxas de juros (operaçõesconsideradas para o cálculo das taxas médias,excluídas, por exemplo, operações de leasing),aumentou 0,9% na comparação com o do mesmo períododeste mês (11 primeiros dias úteis). Para as pessoasfísicas, o crescimento foi de 1% e para as empresas de 0,9%.Enquanto as taxascaem, a inadimplência, quando considerados atrasos superiores a90 dias, sobe. Para as famílias, aumentoude 8,2% para 8,3%, a maior desde maio de 2002 (8,4%). No caso dasempresas, o percentual subiu de 2% para 2,3%, a maior desde agosto de2007 (2,4%).Segundo Lopes, houveuma elevação mais forte da inadimplência para asempresas, “com sinais de acomodação para asfamílias”. Para ele, um dos motivos para que as pessoas estejamcom dificuldades de pagar as contas é que as empresas efamílias têm dificuldades de refinanciar as dívidas, por conta da crise. No caso das empresas, há outro fator, que é a redução das atividades, ou seja, elas contam com menos recursos.Em fevereiro, o volumede crédito do sistema financeiro chegou a R$ 1,230 trilhão,o que corresponde a 41,6% do Produto Interno Bruto (PIB), soma detodos os bens e serviços produzidos no país. A projeçãodo BC é fechar o ano com o percentual de 44% do PIB e umcrescimento de 14% no volume neste ano, em relação ao de2008. Anteriormente, a projeção de crescimento dovolume de crédito era 16%. No mês passado, aparticipação dos bancos públicos no volume decrédito chegou a 37%, contra 34% de fevereiro de 2008. Os bancosprivados nacionais, nessa mesma comparação, reduziram aparticipação de 44% para 42% e os privadosestrangeiros, de 22% para 21%.