Parlamentares e sindicalistas criticam Embraer pela forma como as demissões ocorreram

25/03/2009 - 19h05

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O vice-presidente da Embraer, Horacio Forjaz, foi duramente questionado sobre as mais de 4 mil demissões na empresa pelos parlamentares, sindicalistas e representante do Ministério Público do Trabalho, na audiência pública realizada hoje (25), na Câmara dos Deputados.O procurador do Trabalho AdélioJustino Lucas, criticou a atitude da Embraer de promover as demissões sem antes negociar com os funcionários. “A empresa tem o direito de demitir. Só quea forma dela fazer a demissão é que foi equivocada. Ela deveria ter levado o debate ao sindicato para discutir com a categoria”, afirmou o procurador. Segundo Justino Lucas, mesmo que as demissões fossem inevitáveis, a negociação poderia ter contornado os efeitos do problema. “Poderia ter feitoabertura de bancos de horas, férias coletivas, realocação defuncionários, aposentadorias precoces, planos de demissão incentivada,várias coisas”, disse. Os sindicalistas presentestambém reclamaram da forma como as demissões foram executadas. Além deafirmar que o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Aeroespaciaisnão foi informado previamente sobre as demissões, que representaram 20% do total de empregados da empresa, o presidente do sindicato, Edmilson Rogério deOliveira, reclamou da forma como os funcionários foramdispensados. “Foi um clima armado de guerra. A empresa foifechada no final do expediente por centenas de seguranças armados, osrepresentantes do sindicato não podiam entrar, e as pessoas foram sendodemitidas e encaminhadas para a sala do supervisor entregar ocrachá. De lá, eles eram levados para recolherem seus pertencese encaminhados, ainda de uniforme, para o microônibus, que os levavam para fora da empresa”, disse Oliveira. Segundo o sindicalista, houvemuita comoção, e os funcionários que não foram demitidos receberam a orientação de suspender os trabalhos naquele dia e, também, irem embora“quietos”.O vice-presidente da Embraer garantiu que asdemissões ocorreram por extrema necessidade e para preservar osempregos dos outros 18 mil funcionários que ainda permanecem naempresa. De acordo com Horacio Forjaz, as negociações não foramlevantadas porque não adiantariam. “Se nós estivéssemos emoutras situações de crise, como em 1996, em que prevíamos que a criseduraria pouco tempo, nós chamaríamos o sindicato para negociar, comofizemos naquela época. Mas nós estamos prevendo que esta crise não irápassar em pouco tempo. Ela vai durar pelo menos 2 ou 3 anos no setor deaviação. Essas soluções não são viáveis”, afirmou. Forjaz disse ainda que a situação econômica mundial é grave e, caso a Embraer fosse obrigada a ficar com osmais de 4 mil funcionários demitidos, a empresa correria o risco dequebrar. O vice-presidente também apresentou dados sobre a situação emoutras empresas de aviação no mundo e informou que todas estão demitindo,porque não há demanda na compra de novos aviões e muitos contratos estãosendo cancelados. Ele revelou que os funcionáriosforam avisados pelo presidente da empresa, em novembro, sobre amá situação dos negócios e disse que os critérios de demissão incluiriamevitar que pessoas da mesma família ficassem sem o emprego. AComissão de Trabalho de Administração e Serviço Público vai solicitarformalmente que a Embraer forneça documentos sobre a formação de seucapital acionário e sobre o pagamento de bônus no valor de R$ 50 milhõespara diretores da empresa. O vice-presidente negou que os bônustenham sido pagos, e disse que o valor é o teto destinado aopagamento de honorários, benefícios como plano de saúde e previdênciaprivada, e a participação nos lucros e resultados (PLR). Ainda segundoele, apesar da verba ser destinada exclusivamente a pessoas doconselho de administração e da diretoria, todos osfuncionários também recebem esses benefícios, inclusive a PLR.