Itagiba diz que depoimentos de hoje na CPI dos grampos reforçam sua tese de indiciamentos

24/03/2009 - 23h28

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os depoimentos tomados hoje (24) de integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pela Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas Clandestinas reforçam a tese do pedido de indiciamento do ex-diretor da Abin, Paulo Lacerda, do vice-diretor Milton Campana, do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz e do banqueiro Daniel Dantas. A avaliação é do presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ).“Esses depoimentos só reforçam a minha linha de indiciamentos. No meu entender, devem ser indiciados o delegado Paulo Lacerda, por ter faltado a verdade com a CPI; o sr. Milton Campana, por ter faltado com a verdade na CPI; o delegado Protógenes Queiroz, por ter faltado com a verdade e o sr. Daniel Dantas também deve ser indiciado pela prática de interceptação telefônica ilegal, conforme declaração prestada a essa CPI”, disse.Segundo Marcelo Itagiba, para reforçar os indiciamentos a CPI depende unicamente dos autos que se encontram em poder do juiz Fausto De Sactis, “que se recusa a encaminhar os autos à CPI”. Itagiba afirmou ainda que os depoimentos de hoje demonstraram que a operação da Abin foi formal com conhecimento da chefia do órgão.“Acho que está mais do que caracterizada uma participação incorreta, indevida, não desejada pela Polícia Federal da Abin, que se imiscuiu em assuntos policiais, quando, na verdade, sua atividade é outra”, afirmou o presidente da CPI.O próprio relator da CPI, deputado Nelson Pelegrino (PT-BA), admitiu que está havendo contradições nos depoimentos prestados à comissão e citou o caso do depoimento prestado hoje pelo oficial de inteligência da Abin, Márcio Seltz. “Há contradições. Isso ficou claro aqui no depoimento [de Márcio Seltz]  entre a sua versão e a do delegado Paulo Lacerda, principalmente o documento encaminhado por Lacerda à CPI. [Ele] tem partes coincidentes, mas tem pontos que são colidentes. Vamos ver se essa colisão é relevante para os trabalhos da CPI”, disse Pelegrino.A CPI tomou hoje os depoimentos dos oficiais de inteligência da Abin, Lúcio Fábio de Godoy e Márcio Seltz, e do agente de inteligência do órgão, Jerônimo Jorge Araújo. Amanhã (25), a CPI volta a se reunir às 15h para ouvir o 3º sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Jairo Martins de Souza.