Infantilização é empecilho ao desenvolvimento sexual de pessoas com deficiência

24/03/2009 - 0h03

Da Agência Brasil

Brasília - A infantilização das pessoas com deficiência é uma das causas que impedem o desenvolvimento da sua sexualidade. A idéia foi defendida hoje (23) durante o 1ºSeminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos ePessoas com Deficiência.O encontro, promovido pelo Ministério da Saúde, busca fortalecer odebate e as ações voltadas para a saúde e o bem-estar das pessoascom deficiência. Paraa jornalista Leandra Migotto, quetem Osteogenesis imperfecta, ou Síndrome dos Ossos de Cristal, comoé popularmente conhecida, a infantilização das pessoas com deficiência podeaumentar a vulnerabilidade e impedir o desenvolvimento sexual. “Apartir do momento que a pessoa com deficiência é considerada aindauma criança, a gente acha que ela, como criança, nãodesenvolve a sexualidade. Esse é o maior problema”, afirmou.De acordo com a professorada Universidade Federal da Paraíba e fundadora da organizaçãonão-governamental Educação para Todos, Windyz Ferreira, asociedade infantiliza, despersonaliza e rotula as pessoas comdeficiência. Para a professoraWindyz,a sexualidade tem uma relação direta com o desenvolvimento e ocrescimento humanos. Ela explica que as próprias pessoas comdeficiência se preocupam tanto com as patologias que acabam nãodesenvolvendo a sexualidade e acabam se vendo como pessoas "assexuadas". “Nós precisamos trabalhar esses âmbitoscom uma diferenciação . Nósestamos buscando caminhos para que a sociedade seja o menosexcludente possível", disse.Duranteo evento, a professora criticou a escassez de estudos sobre a questãoda deficiência. Para ela, há falta de dados concretos para servir de base às políticas públicas. “A falta de estudo é muito séria. Políticaspúblicas não podem ser construídas a partir de um grupo depessoas, isso não é gestão democrática”, disse.Na opinião da professora, outro fator preocupante no país é que a maioria dos deficientes não temacesso à educação, o que acaba perpetuando a invisibilidade. “A educação é o primeiromomento da vida da pessoa com deficiência, aquele em que ela sai da família ese insere no contexto social” argumentou.De acordo com Windyz, nos paísesdesenvolvidos as pessoas com deficiência recebem todo tipo de tratamento, reabilitação e acesso a serviços, enquanto nos países menos desenvolvidos, como o Brasil, elas são isoladas, trancafiadas e escondidas. Segundodados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), noBrasil, 24,6 milhões de pessoas tem deficiência.