FMI terá linha de crédito menos exigente e mais rápida para países emergentes

24/03/2009 - 18h26

Gilberto Costa*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o Fundo MonetárioInternacional (FMI) aprovou a criação de uma linha de financiamentoflexível para ser usada pelos países que precisam de crédito parareativar o comércio e os investimentos, e para cobrir as conta de transaçõescorrentes.Segundo Mantega, as taxas de juros da nova linha definanciamento são reduzidas e variam de 1,5% a 3% ao ano. Osempréstimos tomados terão três anos e meio de carência e cinco anos para pagar. Oministro da Fazenda comemorou o anúncio como “vitória nossa”. ConformeMantega, “a linha é um grande avanço dentro do FMI porqueela não exige aquele monitoramento e o estabelecimento de metas dedesempenho que eram estabelecidas nas linhas anteriores”. Deacordo com o ministro, a nova linha de financiamento não exige visitasperiódicas de missões do FMI, como as que ocorriam, por exemplo, noBrasil nas décadas passadas. “Então não precisa mandar mais aquelacomissão do fundo [FMI] ao país para ver como ele está, como ele não está.Não tem mais aquela coisa desagradável de carta de intenções que oBrasil fazia no passado. É muito mais simplificado”, disse. Mantega afirmou que a linha “não tem condicionalidade”, mas pondera que o país, para ter acesso ao recurso, terá que “ter um histórico de solidez econômica. Não pode ser um país que não teve responsabilidade e não cuidou das suas contas”. Oministro da Fazenda garantiu que o Brasil não precisará dofinanciamento, mas que os novos recursos do FMI serão úteis aoscompradores de produtos nacionais. “Nós estamos pensando em outrospaíses que estão precisando de liquidez nesse momento”, disse.“O Brasilconseguiu acomodar a suas necessidades de crédito, é mais importanteque se dê os créditos àqueles [países] que importam produtos do Brasil, ou seja,diminuíram as exportações brasileiras”, explicou.Segundo oministro, além da nova linha aprovada, o Brasil também quer que ospaíses ricos, com grande fluxo de capitais, (Estados Unidos, China eJapão) dotem o FMI de mais recursos para que o capital do órgão possachegar até US$ 1 trilhão. “Para que o FMI possa redistribuir aos paísesnecessitados”. Conforme Mantega, o Fundo Monetário Internacional possui US$250 bilhões de capital, o Japão está colocando US$ 100 bilhões, e oBrasil vai pleitear na reunião do G20 que mais países aumentem osrecursos.O ministro da Fazenda disse que espera uma melhora nascontas das transações externas brasileiras. “Há uma diminuição daremessa de lucros e dividendos, temos uma diminuição das importações, opaís está crescendo menos, as importações também diminuíram, nós vamos ter um saldo comercial razoável. Em função disso poderemos ter uma estabilidade ou uma melhora da conta corrente em 2009”, afirmou.GuidoMantega ainda comemorou a iniciativa do governo americano em comprartítulos podres do mercado financeiro. “Os ativos tóxicos são oprincipal obstáculo para a regularização do crédito e da confiançainternacional. É um passo importante”, avaliou.