BC estima para este mês déficit em transações correntes menor que o de março de 2008

24/03/2009 - 16h48

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Odéficit em transações correntes (todas asoperações do Brasil com o exterior) neste mêsdeve ficar em US$ 1 bilhão, menor do que os US$ 4,345 bilhõesregistrados em março de 2008. A projeção édo chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC),Altamir Lopes, que considera que houve um ajuste “profundo” e“rápido” nas transações correntes. O resultadodos primeiros meses, e a previsãopara todo o ano, é influenciado pela desaceleraçãoda atividade econômica por conta da crise financeirainternacional e devido a uma mudança “estrutural” na contacorrente. Segundo Lopes, atualmente não hápredominância do endividamento externo, o que levava a altospagamentos de juros. “Hoje predominam o investimento estrangeirodireto e o investimento em portfólio [ações erenda fixa]. É diferente do que ocorria no ano passado,quando predominava a dívida externa e o pagamento de jurosdava, portanto, o direcionamento para o resultado em transações”.Lopes acrescentou que, com isso, hoje o que direciona a contacorrente são as remessas de lucros e dividendos de empresascom filiais no Brasil para o exterior. Segundo ele, no final do ano passado, as empresasanteciparam as remessas para dar cobertura às matrizes noexterior. Além disso, o envio de remessas deve diminuirporque, quando o crescimento econômico é menor, hámenos dinheiro para enviar.De acordo com Lopes, outro motivo para o ajuste naconta corrente é o fato de a queda das importaçõesser maior que a das exportações. Ele disse que aredução das importações deve ocorrertanto para o investimento quanto para o consumo. “O comérciomundial tem apresentado redução expressiva. Essaredução nas exportações e nas importaçõesleva a uma redução nos serviços como, porexemplo, o de transportes.” Lopes também citou a reduçãono déficit em viagens internacionais, conta formada pelosgastos de brasileiros no exterior e receitas de estrangeiros noBrasil. “Os brasileiros, com câmbio mais depreciado, estãoevitando viajar ao exterior. Por outro lado, as receitas caíramem menor intensidade. Então, os estrangeiros continuam vindoao Brasil. Isso faz com que o resultado deficitário sejamenor”, explicou. A projeção do BC para a conta deviagens internacionais no ano é de déficit de US$ 2,5bilhões. Segundo Lopes, a previsão divulgada emdezembro, de US$ 1,5 bilhão, estava errada. Deveria ser omesmo valor divulgado hoje, ou seja, US$ 2,5 bilhões.