Setor de construção aposta em plano habitacional para reverter tendência de queda

23/03/2009 - 18h48

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Osetor de materiais para construção começou o anoem queda de 18,47% no primeiro bimestre em relação aomesmo período do ano passado, segundo dados da AssociaçãoBrasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).As vendas no varejo tiveram redução de 12%,de acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes deMaterial de Construção (Anamaco).

Associaçõesrepresentantes de vários seguimentos da construçãoatribuem a tendência de baixa à crise financeira internacional.“Nós viemos de um ano extraordinário, com crescimentoexpressivo em 2008, e sofremos um impacto nos dois primeiros meses doano”, afirmou o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.

Agora,o setor concentra todas as expectativas no plano de habitaçãoque deverá ser lançado pelo governo federal nestasemana. A principal medida do pacote habitacional é aconstrução de 1 milhão de casas, anunciada pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada. “Coma construção de 1 milhão de casas e com oaumento do financiamento para compra de materiais no varejo eu tenhocerteza que vamos crescer entre 4% e 5%”, disse o presidente daAbramat, Melvyn Fox.

Noentanto, Fox ressaltou que a previsão de crescimento se baseia“única e exclusivamente naquilo [pacote habitacional] quepossa ser anunciado na quarta-feira (25)”. De acordo com ele, se nenhumamedida for tomada, a previsão de crescimento “com certeza”será negativa.

Outramedida do plano habitacional que deve ajudar o mercado éa ampliação e facilitação do créditopara reformar e construir. A liberação de linhas definanciamento com juros baixos e longo prazo atende a demanda depessoas como o taxista Everaldo Braga. Com crédito concedidopela Caixa Econômica Federal, Braga adquiriu uma casa ainda naplanta em 2007. Atualmente, o taxista está fazendo oacabamento do imóvel com o financiamento do banco. “Sócomecei a fazer essa reforma porque a Caixa liberou um créditopara fazer o acabamento”, disse. Bragaexplicou ainda que faria um novo empréstimo se tivesse aoportunidade, “porque os juros são baixos e você tem36 meses para pagar”.

Apesardo governo já ter dado reposta negativa, os empresáriosda construção ainda tem esperança de queaconteça uma redução no Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) para o setor. Melvyn Fox acredita que diminuiro IPI seria importante por causar “efeito imediato”, enquanto aaplicação do crédito só mostrariaresultados a partir de abril e a construção das 1milhão de moradias deve começara trazer benefícios no segundo semestre.