Despejo de lixo é principal problema de poluição na Baía de Guanabara, diz especialista

23/03/2009 - 14h36

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O despejode lixo nos rios fluminenses pela população representa hoje um dosmaiores problemas de poluição da Baía de Guanabara. Aavaliação é do professor do Departamento de Oceanografia daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)David Zee, especialista em ecossistemas urbano-costeiros.Segundo Zee,o problema resulta de dois fatores principais: a falta deconscientização da população e a escassez de instrumentos que permitam aosmoradores de comunidades próximas aos rios, lagoas e canais quedeságuam na baía preservar os recursos hídricos. As indústrias instaladas às margens da baía e do sistemaque a abastece, responsáveis pelo lançamento de detritos por muitosanos, já estão em sua maioria adequadas às legislações ambientais. “Maisnecessário do que retirar o lixo da baía é não deixar que ele chegueaté ela. E para isso é preciso ir além dos programas de conscientizaçãoambiental, porque não adianta só educar a população se não háinstrumentalização, ou seja, a implantação de aterros sanitárioscontrolados, programas de coleta seletiva eficientes e a criação deestações de reciclagem de lixo, por exemplo”, afirmou ele, destacandoainda que os serviços de coleta de lixo em algumas comunidades éprecário. “Se a coleta de lixo urbano não entra em algumacomunidade carente, a população não vai carregar os detritos até outrolugar. Usa a água como meio de transporte”, acrescentou.A Baía deGuanabara é alvo de um programa de despoluição implementadopelo governo do estado, em parceria com o Banco Interamericano deDesenvolvimento (BID) e o governo japonês, em 1995. Com prazoinicial previsto para cinco anos, até hoje ele não foi concluído. Segundodados da Secretaria de Estado do Ambiente, no ano passado foramretirados aproximadamente 2 milhões de metros cúbicos de resíduosdas lagoas, rios e canais do estado. Entre o material recolhido haviapneus, móveis e até carrocerias de automóveis. A secretária da pasta,Marilene Ramos, também atribuiu o problema, em grande medida, à faltade conscientização da população e à necessidade de intensificação, porparte das prefeituras, dos trabalhos de coleta de lixo.“Emgrande parte, esse problema tem origem na falta de conscientizaçãopopular, afinal as equipes da secretaria trabalham para remover o lixodos rios e mesmo assim voluntariamente muitas pessoas jogam detritos àssuas margens ou diretamente neles”, afirmou Marilene, durante a terceiraedição do Dia Estadual de Limpeza dos Rios, no início da semana passada. Aprefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, um dos principaismunicípios banhados por rios que deságuam na Baía de Guanabara,informou que ainda não conta com o serviço de coleta seletiva dolixo, mas que está desenvolvendo um projeto nesse sentido, ainda semdata para ser lançado. Já a Companhia Municipal de Limpeza Urbana doRio informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que promove acoleta seletiva desde 2002, mas até o fechamento dessa reportagem nãoesclareceu como é realizado o trabalho de recolhimento de lixo dentrode comunidades carentes, como a da Maré, apontada como uma das principais responsáveis por despejo de lixo na Baía de Guanabara.