Brasil perdeu 750 mil empregos em três meses, aponta Dieese

23/03/2009 - 19h40

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O mercado de trabalhonacional perdeu 750 mil vagas de emprego formal de dezembro afevereiro, segundo um estudo divulgado hoje (23) pelo DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos(Dieese). O levantamento da entidade mostra que a perdarepresenta um corte de 2,3% do total de postos de trabalho do país eé um dos impactos da crise mundial na economia brasileira.“Estes trêsmeses [dezembro, janeiro e fevereiro] são, tradicionalmente, meses de ajustes sazonais no nível de emprego. Geralmente, temos maisdemissões que contratações. Mas, este ano, acrise agravou a situação”, disse o coordenador derelações sindicais do Dieese, José Silvestre, ementrevista à Agência Brasil.Só em dezembro, por exemplo, a crise aumentou em 305 mil o número de demissões no país, de acordo com o Dieese. Nas previsões da entidade, o Brasil perderia 350 mil vagas de trabalho naquele mês. Porém, o Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados (Caged) acabou apontando um corte de 655mil vagas.O estudo do Dieese aponta ainda que boaparte das vagas eliminadas desde dezembro são do setor de agropecuária e daindústria de transformação, os mais prejudicadosem termos percentuais. Só agropecuária demitiu 8,6% dos seus empregados durante esse período. Já aindústria de transformação demitiu 5%.Silvestre afirmou,porém, que pelo menos uma parcela de todas essas demissões poderia tersido evitada, independentemente do agravamento da crise no mundo ou no Brasil. Segundo ele, existe uma grandefacilidade para se demitir no país e alguns empresáriosse aproveitam dessa facilidade para cortar mais vagas que onecessário.“É difícilmensurar o que foram demissões causadas pela crise e o queforam ajustes antecipados promovidos pelos próprios empresários”, afirmou Silvestre, citando casos decompanhias que anunciaram demissões em massa aomesmo tempo que anunciaram um aumento de sua produção para 2009.Silvestre disse que o corte desnecessário de vagas tem outroefeito negativo: a precarização do trabalho.Ele disse que o país, desde 2002, apresenta melhoriasneste sentido, com o aumento do salário mínimo e dosalário dos recém-contratados. Essas melhorias, porém, estão comprometidas pela crise e pela falta de regras rígidas sobre as demissões injustificadas.De acordo comSilvestre, o Brasil deveria criar leis que impeçam asdemissões em justa causa, assim como o previsto pela Convenção158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). "O custo da demissão já está embutido no custo do trabalhador. Enquanto não tivermos uma lei que iniba as demissões, vamos ter esta alta rotatividade", afirmou.