Índios mantêm antropólogo e mais dois homens como reféns no Paraná

22/03/2009 - 16h36

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Até o inícioda tarde de hoje (22), índios caingangues da Reserva Barãode Antonina, em São Jerônimo da Serra, no norte doParaná, continuavam mantendo como reféns o antropólogoda Companhia Paranaense de Energia (Copel) Alexandre Húngaroda Silva e dois funcionários de empresas terceirizadas queprestam serviço para a estatal.Os índios mantêmos três homens em cativeiro como forma de garantir oprosseguimento das negociações com a estatal para opagamento de indenização pelo uso de terras da reserva,onde estão instaladas 14 torres de transmissão deenergia. Ninguém está conseguindo entrar ou sair daaldeia sem autorização do cacique.O representante daFundação Nacional do Índio (Funai), em Londrina,Marcos César da Silva, disse que esteve na reserva na tarde deontem (21) e que, apesar do clima tenso na aldeia, os refénsestão bem. Segundo ele, a administração da Funaiem Londrina está tentando, por telefone, negociar a libertaçãodos reféns.José AlmirTorres Quintanilha, 28 anos, e seu irmão, Valmiron TorresQuintanilha, 30 anos, foram feito reféns na últimaquinta-feira(19), quando faziam o trabalho de inspeçãode rotina na aldeia. O antropólogo foi ao local no diaseguinte tentar uma negociação e também foidominado pelos índios.As mulheres de Josée Valmiron, Lúcia e Josilene Torres, informaram àAgência Brasil que o último contato com eles foina noite de ontem (21). “Os dois disseram que estão sendobem tratados . Estão em uma sala com colchões ecobertas. Os índios têm permitido que a Copel envie a alimentação. Mas estamos preocupadas, porque os índiosjá avisaram a eles que se polícia invadir a reserva asituação vai se complicar”, contou Josilene.Elas disseram que osmaridos estão na expectativa de serem libertados apenas napróxima quarta-feira (25), após reunião entrerepresentantes da aldeia com Ministério Público Federal(MPF), Funai e Copel para discutir os valores da indenização. O impasse teriacomeçado porque essa reunião, anteriormente agendadapara o último dia 18, foi cancelada. Os índios nãoforam informados sobre isso e compareceram ao local marcado. Segundoa assessoria de imprensa da Copel, em Londrina, manter os refénsé uma forma de garantir as negociações. A assessoria informouque o pagamento pelo uso da reserva, no valor de R$ 25 mil, éfeito todos os meses e não está atrasado. O que estásendo discutindo agora é uma indenização pordanos culturais e ambientais da área. A Copel ofereceu umacota de R$ 1 milhão, mas os índios querem um valormaior.