Economistas prevêem ano com menos emprego e renda menor para brasileiros

20/03/2009 - 17h02

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os brasileiros devem enfrentar umano com menos emprego e renda menor, por conta da crise financeirainternacional. É o que avaliam economistas e que tambémjá está previsto na revisão das projeçõespara os indicadores econômicos do Ministério doPlanejamento. Ontem (19), o ministério apresentou aprojeção para a massa salarial (soma de todos ossalários pagos aos trabalhadores no ano) em relaçãoao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviçosproduzidos no país. No projeto de lei orçamentáriaenviado ao Congresso Nacional no ano passado, a estimativa para esseindicador era de 14,08%. No orçamento aprovado, o percentualcaiu para 12,95%. Com a reprogramação orçamentária,anunciada ontem, o estimativa caiu ainda mais e ficou em 6,29%. “Oque a gente está esperando para este ano sãodificuldades no mercado de trabalho. Portanto a populaçãovai sofrer, sim. Provavelmente, com o desemprego, no primeirosemestre principalmente, e com a estabilidade do nívelsalarial”, afirmou o pesquisador do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea) Ricardo Amorim. Mesmo assim, o Banco Centralespera que a massa salarial e as transferências governamentais(pensões e aposentadorias, Bolsa Família e outros)garantam o dinamismo da atividade econômica. O motivopara esse cenário é o menor crescimento econômicono país por conta da crise financeira internacional.“Novamente uma crise econômica, um baixo crescimentoeconômico afetando diretamente a vida das pessoas. Isso nãoé bom, principalmente num país com mádistribuição de renda como o nosso”, disse Amorim.Apesar disso, o pesquisador não considera que se tratade uma “tragédia” e que os dados do mercado de trabalho jámostram alguma melhora no início do ano, em relaçãoa dezembro de 2008. “A partir do segundo semestre, as coisascomeçam a melhorar, apesar de haver alguma possibilidade depiora.” De acordo com o pesquisador, mesmo com oagravamento da crise, o governo tem que manter um discurso otimista.“Muito da crise vem de expectativas ruins, não éfruto de fatores econômicos diretos. Vem das expectativas dosempresários, que reduzem investimentos e compras e aumentamestoques, ou tentam desovar os estoques antigos e não aumentamprodução. Mas o governo tem que manter o discursootimista para evitar uma piora das expectativas”, argumentou.ParaAmorim, o trabalhador “tem que tomar muito cuidado com seuemprego”. “Não deve aumentar o número de postos detrabalho, principalmente para os mais jovens. Com o seu salário,não deve ter ganho real”, alertou. As dívidas, diz opesquisador, devem ser evitadas e quem tiver alguma poupançapode aproveitar para comprar à vista bens mais caros, quedevem sofrer alguma redução nos preços.“Endividar-se? Nem pensar neste momento.” Quanto aosfuncionários públicos, Amorim acredita que,provavelmente, terão que voltar à mesa de negociaçãopara rever os ajustes salariais que estão previstos.