Pais e testemunhas criticam atuação da polícia de Catanduva

18/03/2009 - 19h22

Vinicius Konchinski
Enviado Especial
Catanduva (SP) - Asquatro primeiras testemunhas que prestaram depoimento na audiência públicarealizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia emCatanduva (SP) criticaram o trabalho da Polícia Civil dacidade. Um casal de pais de supostas vítimas, um diretor de escola e ocoordenador de uma organização não-governamental (ONG) afirmaram que apolícia foi omissa com relação às suspeitas de existência de uma rede depedofilia na cidade.A sessão de depoimentos foi aberta hoje (18) porvolta das 11h. Geraldo Correa, da ONG Instituto Pró-Vida, foi oprimeiro a ser ouvido. Aos senadores Magno Malta (PR-ES),Romeu Tuma (PTB-SP) e José Nery (P-SOL-PA), Correa afirmou que foiprocurado em fevereiro por mães de supostas vítimas que não estavam satisfeitas com a apuração da polícia sobre as suspeitas.Emocionado,Correa disse que procurou várias autoridades de Catanduva, mas quenenhuma deu a devida atenção às denúncias.“No momento das denúncias, fiquei sozinho. Aqueles que deveriam estarcom o controle da situação não estavam”, afirmou ele, citando tambémfalhas do Conselho Tutelar e do Ministério Público.O pai e a mãe de duas supostas vítimas, ambas com menos de 10 anosde idade, prestaram depoimento usando capuz para não seremidentificados e não pouparam críticas. “Fui procurar a delegada [MariaCecília Sanches] e ela falou que era normal”, disse a mulher,reclamando de omissão da polícia.“Todos que deveriam ter uma atitude, colocaram um obstáculo”, complementou seu marido, criticando também o Conselho Tutelar do município.EdmilsonSidney Marques, diretor da escola em que estuda a maioria dascrianças supostamente vítimas de abusos sexuais, enumerou falhas emdois inquéritos policiais abertos para apuração das denúncias. Eleafirmou que recomendou às mães que procurassem a polícia para relatar os abusos e prestar queixas, mas apolícia pouco fez.“As mães vinham me contar e eu ficavatranquilo, pois achava que procurar a polícia era o mais adequado afazer. Porém, a cada dia, eu ia percebendo que era o contrário”, disseMarques.A delegada Maria Cecília Sanches depôs também hoje àCPI e disse que não considerou “normal” as suspeitas das mães e por issoabriu uma investigação sobre o assunto.Já a delegada Rosava daSilva Vani, que presidiu o segundo inquérito, admitiu aos senadores quecometeu “erros graves” em sua investigação.Representantes do Conselho Tutelar e do Ministério Público também devem depor na audiência pública em Catanduva. Até sexta-feira, senadores estarão na cidade investigando o caso.