Missão do Haiti visita Amazonas para conhecer serviços de atendimento à mulher

18/03/2009 - 17h15

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Uma comitiva de policiais erepresentantes da área de saúde e do governo do Haitiestá no Brasil para conhecer estratégias e serviçosde tratamento e apoio a adolescentes e mulheresvítimas de violência sexual e doméstica. Um grupochegou hoje (18) a Manaus para avaliar projetos e serviçoslocais de proteção à mulher, enquanto outros integrantes da missãovisitam no Rio de Janeiro as Delegacias da Mulher, para saber como funcionam.A visita é resultado de parceria entre osgovernos do Brasil e do Haiti na área da saúde. Acooperação técnica internacional entre os doispaíses existe desde 2005. Desta vez, os haitianos vieram buscar informações sobre oatendimento e o tratamento das mulheres que sofrem com a violênciasexual e doméstica.Considerado referêncianacional no atendimento a vítimas de violência,particularmente mulheres, crianças e adolescentes, o Amazonas foi, por isso, indicado pelo Ministério da Saúde aogoverno do Haiti. Segundo a assistente técnica da áreade Saúde da Mulher do ministério, CláudiaAraújo, os haitianos também vão assistir a diversas palestras para entender como os estadosbrasileiros se organizam nessa rede de atendimento e visitar projetos onde são acolhidas vítimas desse tipo deviolência. Todasas visitas feitas pela comissão haitiana serãoacompanhadas por representantes dos ministérios da Saúdee das Relações Exteriores e das secretarias Especial dePolíticas para as Mulheres e de Saúde de Manaus e doAmazonas. Cláudia destacou que os números da violênciasexual contra a mulher são preocupantes em todos os estadosbrasileiros. “No caso do Amazonas, contudo, a organizaçãodos serviços se coloca de forma diferenciada em comparaçãocom outros estados. É uma rede que funciona de formaorganizada, não só a partir do setor saúde, mastambém de todo o conjunto de instituições queatendem e acolhem as vítimas de violência. Por isso, éum bom espaço para ser apresentado a pessoas de outrospaíses”, resumiu.A médicalegista haitiana Marjorie Joseph, que integra a comitiva, disse que a violênciacontra mulheres é um processo instalado em seu país. Segundo Marjorie, ogoverno não tem números precisos sobre essa questão,mas muitas mulheres são abusadas sexualmente todos os diasno Haiti.

Marjorie Joseph afirmou que um dos desafios para o Haiti éa formação de redes voltadas para essa problemática.“A violência sexual contra mulheres, infelizmente, seintensifica em nosso país. Essa troca de experiência como Brasil vai nos ajudar a melhorar nossas ações paracombate e tratamento às vítimas. Queremos organizarnossas delegacias e ter também uma rede eficaz para apoio àsmulheres vítimas de violência.”Além dosserviços de assistência em delegacias, postos de saúdee maternidades, o Amazonas faz monitoramento permanente dos casos deviolência nas unidades do Sistema Único de Saúde(SUS). Para registrar esses dados, ao atender as vítimas,os profissionais de saúde preenchem uma ficha de notificação,que, por sua vez, está inserida em um programa de vigilânciae acidentes do governo federal.Do total de 828 casos deviolência registrados no ano passado, 660 foram em mulheres emais da metade deles, de violência sexual. Asmeninas entre 10 e 14 anos estão entre as maiores vítimas.Para reverter esse quadro, os governos federal e do Amazonas vãoimplantar a Rede de Proteção à ViolênciaDoméstica e Sexual. Dez municípios do estado serãodiretamente beneficiados, entre eles a capital, Manaus, e SãoGabriel da Cachoeira, Tabatinga, Parintins e Coari.