Ministros que divergiram sobre demarcação discutem no plenário do STF

18/03/2009 - 21h14

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ovoto de hoje (18) do ministro Marco Aurélio Mello pela anulação da demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, emRoraima, homologada em abril de2005 pelo governo federal, continha várias pontos que contestavam citações do voto dadopelo relator da ação, ministro Carlos Ayres Britto, em defesa damanutenção da demarcação contínua.Depois da leiturado voto, que durou pouco mais de seis horas, Britto pediu a palavrapara reiterar seu entendimento sobre o tema e desqualificar alegaçõesdo colega. Mello não gostou e reclamou. “Não trate meu votoapontando-o como de conteúdo periférico, como se eu tivesse aquidelirado, considerado o que está em jogo nesse processo”, disse Mello,visivelmente irritado.No mesmo tom, Britto rebateu. “Vossa Excelência [ministro Marco Aurélio] falou tanto em voto lírico eromântico. A quem Vossa Excelência estava se referindo?”, questionou. “O voto de Vossa Excelência me colocou à prova. Tenho caráter para rever meus posicionamentos, mas acho que neste caso não me equivoquei em nada”, acrescentou Britto. Apóso bate-boca, o relator enfatizou que se em algum momento os indígenasde Roraima não ocuparam a total extensão da área demarcada de 1,7milhão de hectares foi porque os “índios foram escorraçados, expulsose violentamente impedidos de materializar sua ocupação tradicional.”