Em Roraima, índios aguardam decisão do Supremo em clima de tranquilidade

18/03/2009 - 20h00

Luana Lourenço
Enviada Especial
Boa Vista - Sob calor forte, o clima é de tranqüilidade da Terra Indígena RaposaSerra do Sol, onde grupos de índios favoráveis e contrários àmanutenção da demarcação da reserva em faixa contínua acompanham ojulgamento do assunto pelo Supremo Tribunal Federal. De umlado, indígenas ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), quedefendem a retirada imediata dos não-índios da área. Sem televisão ourádio para acompanhar a sessão do STF, o grupo é informado sobre oandamento por lideranças que estão em Brasília para o julgamento. Noentanto, mesmo antes da decisão final, a comemoração já está sendopreparada pelo CIR.As músicas e danças típicas apresentadasdurante a manhã foram substituídas por uma banda que, em ritmo deforró, já comemora uma possível decisão favorável à demarcaçãocontínua. “Vai ser no ritmo de muita alegria, muita esperança, e quetudo aconteça sempre na paz”, afirmou o cantor macuxi Lindomar LauroBrasil, após cantar versos como “vou festejar/vou convidar meusparentes da região/ chega aqui para comemorar a área contínua da RaposaSerra do Sol”. Já entre os indígenas ligados aos produtores dearroz, que defendem a permanência das fazendas no interior da reserva,uma televisão com transmissão via satélite garante o acompanhamento emtempo real da leitura do voto do ministro Marco Aurélio Mello, que jádeu sinais de que votará pela nulidade da demarcação em faixa contínua. Umgrupo de 50 pessoas assiste com atenção à sessão do STF e comemora oscomentários do ministro que questionam, por exemplo, a falta departicipação de todas as partes interessadas durante o processodemarcatório. “É o melhor voto que ouvimos até agora. Dá praver que o ministro [Marco Aurélio Mello] tem muito mais conhecimento doque acontece aqui”, comentou a tuxaua (cacique) Elielva dos Santos. APolícia Federal, a Força Nacional de Segurança e os agentes da FundaçãoNacional do Índio (Funai) estão de prontidão em uma pequena base deoperações instalada na entrada da terra indígena, mas até agora não hásinais de conflito entre os grupos.